BRASIL

A nossa vitória será a nossa vingança’ declara Lula em Recife

Prevendo uma campanha eleitoral muito “violenta”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos militantes do PT que partam em defesa da presidente Dilma Rousseff diante de qualquer acusação. O pedido foi feito durante evento festivo realizado pelo PT, que reuniu cerca de 2.500 pessoas no bairro de Benfica, em Recife, na noite desta sexta-feira. O ex-presidente classificou os xingamentos à presidente durante o jogo de abertura da copa como “cretinice”.

— Não foi uma ofensa à presidente, foi um ato de cretinice. A nossa vitória será a nossa vingança — declarou Lula, chamando a elite brasileira de “preconceituosa”, que ainda disse estar preocupado com a condução da campanha: — Essa campanha corre o risco de ser uma campanha violenta, porque a elite está conseguindo fazer o que nunca conseguimos fazer: despertar o ódio e que ele tome conta de uma campanha. E (eles) não medirão esforços para a quantidade de mentira e preconceitos que vão contar. Nós temos que dizer, em alto bom som: se ofender a Dilma estão ofendendo a cada um de nós — disparou, sob aplausos.

Exaltado, o ex-presidente acusou a imprensa de alimentar a atuação grosseira no estádio:

— Eu duvido que um trabalhador desse país tivesse a coragem de falar 1% dos palavrões que falaram ontem. Uma cretinice alimentada por uma parte da imprensa brasileira que agora diz que foi demais. Mas que o tempo inteiro ela incentivou essa reação da sociedade — acusou Lula, que ironizou a ausência de pobres no jogo de abertura.

— Dilma, você viu que no estádio não tinha ninguém com cara de pobre, só você?! Não tinha ninguém, ninguém pelo menos moreninho. Era a parte bonita da sociedade, que comeu a vida inteira e chegou ao estádio para mostrar que educação a gente aprende em casa, vem de berço — bradou.

O pré-candidato do PSB Eduardo Campos foi o principal alvo dos petistas reunidos no encontro. Por inúmeras vezes, Campos, ex-governador de Pernambuco e aliado do PT, foi chamado de “traidor” pelos militantes petistas.

Em seu discurso, Dilma alertou os aliados para o que chamou de “velho coronelismo travestido”, e disse que é necessário superá-lo:

— (É preciso) Superação para fazer das dificuldades o elemento de vitória política e de conquista de voto. Superar todas as formas de coronelismo, mesmo as mais disfarçadas e pretensamente modernas, mas que mantém o mesmo atraso e a mesma prepotência — afirmou a presidente, que fez críticas as falas de Campos que falam de esgotamento de consumo: — É estarrecedor e inexplicável que lideranças daqui falem do esgotamento do consumo com a mesma prepotência que lideranças paulistas. O modelo não se esgotou. Eles dizem de forma angelical que ninguém têm o monopólio dos programas que realizamos. Que realizamos sem eles e apesar deles. Quem eles pensam que vão enganar? — questionou.

Dilma concluiu seu discurso afirmando que o PT representa a “nova política”:

— Não há uma proposta que fique claro no que é alternativa ou não. Essa é a nova política. Eles agora mudaram um pouco a fala. Estão dizendo uma coisa estarrecedora, que vão fazer a mesma coisa que nós fizemos. E isso é estranhíssimo, porque eles combateram tudo que nós fizemos.

O encontro político teve como objetivo ressaltar o apoio do PT ao pré-candidato do PTB Armando Monteiro Neto ao governo do estado. Além da adesão do PT, o senador conta com apoio do PSC e do PRB. Já o candidato do Palácio do Campo das Princesas, Paulo Câmara (PSB), conseguiu reunir 20 legendas, na chamada Frente Popular, liderada pelo PSB.

— Estamos juntos nessa estrada desde 2002. Continuamos no mesmo caminho, não trocamos de caminho. Esse é o momento final da primeira fase da nossa campanha e chegamos muito bem, e vamos, ao longo desse tempo, consolidar essa aliança. Precisamos quebrar preconceitos, porque agora sou chamado de patrão, mas quando eu estava do lado deles, era empresário progressista — afirmou Armando Monteiro Neto em seu discurso, referindo-se às críticas por ser filho e neto de usineiros: — As pessoas devem ser julgadas pelas suas convicções, e não pela origem social.

Outros nomes do partido, como Tereza Leitão e o deputado federal João Paulo criticaram indiretamente ao PSB e Campos.

— Presidente Lula, o senhor gosta muito do ex-governador, mas ele não gosta mais do senhor. Não podemos permitir a forma como o ex governador tem desrespeitado a presidente e a mulher — disse João Paulo.


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