BRASIL

Aécio cola em Alckmin para tentar reverter baixo desempenho em São Paulo

Os coordenadores da campanha do presidenciável Aécio Neves (PSDB) não admitem publicamente, mas eles têm motivos de sobra para ficarem preocupados com o avanço da candidatura de Marina Silva (PSB), principalmente em redutos considerados tucanos, como é o caso de São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil, com 32 milhões de eleitores. Como mostraram as últimas pesquisas Ibope e Datafolha, a candidata socialista colou em Dilma Rousseff (PT) e deixou Aécio num distante terceiro lugar nas intenções de voto.

No Datafolha, revelado na última sexta-feira (29), Dilma e Marina aparecem empatadas em primeiro, com 34% das intenções de voto. Aécio registra 15%. No Ibope, divulgado três dias antes, a petista fica a frente com 34%, a candidata do PSB tem 29% e o tucano, 19%.

Dados do Ibope apenas para São Paulo mostram como a vida de Aécio não tem sido fácil no Estado. Marina tem 35% das intenções de votos dos paulistas. Dilma registra 23%, deixado o tucano em terceiro com 19%.

O baixo desempenho de Aécio em São Paulo contrasta com o fato de seu partido estar no governo estadual há 20 anos, sendo favoritíssimo para ficar no Palácio dos Bandeirantes por mais quatro anos. De acordo com o Ibope de 26 de agosto, o governador tucano Geraldo Alckmin tem 50% das intenções de voto, contra 20% de Paulo Skaf (PMDB) e 5%, de Alexandre Padilha (PT), seus principais adversários.

Numa tentativa de corrigir essa defasagem em relação a votação de Alckmin, o senador tentar colar sua imagem no governador paulista para tentar ganhar terreno no cobiçado maior colégio eleitoral do País. Como a campanha de Aécio tem como sede em São Paulo, o mineiro pretende tirar vantagem dessa proximidade.

"Vamos caminhar junto com o governador Geraldo Alckmin mostrando que temos a melhor proposta para o Brasil", confirma Aloysio Nunes, vice na chapa de Aécio.

Na última semana, o presidenciável esteve com Alckmin em São Paulo em três oportunidades: um café da manhã com operários, na quinta-feira (28), visita a obra do monotrilho, na sexta-feira (29), e caminhada em São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, no sábado (30).

Coligação com PSB em São Paulo

No entanto, a estratégia parece encontrar um entrave dentro da própria aliança do PSDB paulista, que tem como vice, o tesoureiro do PSB, Márcio França. Marina já se recusou a subir no palanque de Alckmin, em São Paulo. O papel tem sido cumprido pelo deputado Beto Albuquerque, vice da ex-senadora.

Na semana passada, foi ao ar no programa eleitoral do governador paulista um vídeo de 39 segundos em que o deputado se apresenta como vice de Marina, pede voto para o tucano e diz que Alckmin é "o exemplo de homem público que todos desejamos".

Alckmin sinaliza naturalidade ao falar da coligação estadual. "Se o [meu] candidato a vice é o Márcio França, óbvio que é o PSB nos apoia. Quem é do PSB apoia o seu candidato, que é a Marina. E nós apoiamos o nosso candidato que é o Aécio", explicou o governador, na última sexta. Neste dia, sem especificar datas, o governador prometeu que o presidenciável apareceria em seu programa eleitoral.

A peça, que totaliza 23 segundos, gravada antes mesmo do vídeo com Albuquerque, foi ao ar pela primeira vez na última segunda-feira (01).

Segundo turno

Governado pelos tucanos há duas décadas, São Paulo foi responsável por indicar os candidatos da sigla nas últimas seis eleições presidenciais. Aliás, os tucanos sempre estiveram presentes na segunda etapa das eleições. Com o avanço de Marina, no entanto, a sigla corre o risco de dar adeus à disputa já no primeiro turno, no dia 5 de outubro.

Questionado sobre o assunto, o candidato se esquiva, mas demonstra confiança. “Me faz essa pergunta depois das eleições", afima Aécio ao iG. Mas a coordenação de campanha tucana não descarta se associar a Marina, inclusive no cenário nacional.

O atual coordenador da campanha de Aécio, em São Paulo, Alberto Goldman, afirmou que o eleitor do tucano é o mesmo que está declarando voto na pessebista e por isso um candidato deve apoiar o outro em eventual segundo turno. "Quem ficar apoia o outro", apontou Goldman.

 

(Do iG) 


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