BRASIL

Aécio recruta aliados de Serra para se fortalecer no PSDB

Enquanto José Serra (PSDB-SP) percorre o país com ares de pré-candidato ao Palácio do Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem se cercado cada vez mais de aliados de primeira hora do ex-governador de São Paulo. Aécio buscou no time próximo a Serra um reforço para comandar as primeiras atividades de planejamento de sua campanha ao Palácio do Planalto no próximo ano.

Serrista convicto, o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas, por exemplo, já está trabalhando literalmente para Aécio. Ele perdeu as eleições no ano passado e é o mais recente contratado pelo gabinete do mineiro no Senado. O grau de confiança de Serra em Vellozo Lucas sempre foi alto. Em 2002, ele foi coordenador geral da campanha presidencial de Serra, derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Economista por formação, o ex-prefeito desempenha no gabinete de Aécio tanto uma função técnica, formulando discursos com críticas severas à condução da política econômica pelo governo de Dilma Rousseff, quanto a parte política, costurando as conversas para a formação dos palanques nos estados. Vellozo Lucas já é inclusive nome confirmado na coordenação da campanha de Aécio.

“Eu sou um serrista, sempre fui e isso nunca foi segredo. Essa discussão fazia sentindo quando ainda havia dúvida de que Serra ficaria ou não no PSDB. Depois disso, acho que esta divisão ficou superada”, considerou Vellozo Lucas. Ao minimizar as divergências internas do PSDB, Vellozo Lucas aproveitou para mandar a polêmica para o lado adversário e apontou a aliança do governador Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (PSB) como a maior rompimento político dos últimos 15 anos.

Leia mais: Campos e Aécio podem dividir palanques em até 15 Estados

Na campanha em 2002, a candidata a vice na chapa de Serra era a então deputada federal capixaba Rita Camata, que em 2010 deixou o PMDB e se filiou ao PSDB. Hoje a ex-deputada tucana também tem se incorporado à campanha de Aécio. Ela foi convidada pelo senador para coordenar a publicação no Portal Social do Brasil, site lançado pelos tucanos para divulgar as políticas sociais defendidas pelo partido.

‘Bombeiro’

Na prática, boa parte dos serristas posicionados em cargos estratégicos da pré-campanha de Aécio tiveram sua indicação assegurada pelo próprio Serra. Meses atrás, quando se definia o novo comando do PSDB, Serra fez questão que seu time mais próximo fosse contemplado nas instâncias decisórias do partido.

Ainda assim, é consenso no PSDB que alguns deles de fato assumiram um papel de interlocução entre as alas serrista e aecista do partido. O exemplo mais concreto é o do líder do partido no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP). Braço direito de Serra nos tempos do governo paulista, ele se transformou num dos integrantes do primeiro time da pré-campanha tucana. A ele é atribuído o papel de “bombeiro” na relação entre Aécio e Serra.

Também serrista de carteirinha, o ex-governador Alberto Goldman é outro que vem sendo demandado por Aécio. Por exemplo, ele passou a quarta-feira em Brasília em conversas com o senador mineiro, com o objetivo de qualificar as criticas em relação às decisões tomadas pelo governo petista na condução da política energética. Goldman tem colaborado principalmente para municiar o senador com os argumentos para criticar a recente metodologia de precificação de diesel e gasolina.

No entanto, Goldman diz abertamente que não considera Serra carta fora do baralho na corrida presidencial do próximo ano. Ao comentar os nomes que estão sendo colocados como presidenciáveis pelos institutos de pesquisa, Goldman avaliou: “Já que estamos opinando, vamos falar sobre o passado e o presente. Para o futuro nem sabemos se o candidato é o Lula, ou a Dilma, se é o Aécio ou o Serra, se é o Eduardo Campos ou a Marina. E quem sabe mais quem?”, questionou, em seu blog.

Já o senador Alvaro Dias (PSBD-PR) se diz um pouco mais “realista” e conformado com a decisão tomada pela direção do partido de não realizar prévias e de assimilar de uma vez por todas a pré-candidatura de Aécio. “Sou mais realista. Aécio tem apoio das lideranças mais expressivas do partido. Se continuar lutando contra isso vai acabar dando força para o adversário”, ponderou Dias, que sempre se colocou como serrista de carteirinha. “Eu já me incorporei”, relatou. “A candidatura de Aécio é fato consumado, Já é oficial no PSDB. Eu divergi do processo de escolha. Eu pretendia as primárias, mas fui voto vencido e há que se respeitar a decisão da maioria”, enfatizou Alvaro Dias.

A lista tem ainda o reforço de nomes como o deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA). Ele sempre foi considerado o maior serrista fora de São Paulo e, junto com o senador Aloysio Nunes, é tido como um dos responsáveis pelo processo de convencimento que resultou na permanência de Serra no PSDB. Além deles, Mendes Thame (PSDB-SP) também frequentado as reuniões tucanas para preparação da campanha.

iG


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