BRASIL

Aos ministros, Dilma prega diálogo e resistência

Durante as três horas da reunião ministerial da noite de ontem, convocada em pleno Dia dos Pais, a presidente Dilma Rousseff sinalizou que não cederá a pressões e fará de tudo para resistir aos que tentam abreviar seu mandato.

Dilma reafirmou a frase dita na semana passada em Roraima, quando pontuou que "ninguém tira a legitimidade" dos seus 54 milhões de votos. Na reunião, ela frustrou as expectativas dos que esperavam cortes de ministérios e mexidas importantes no tabuleiro, com a saída de peças estratégicas, como o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil.

A presidente apenas acenou com mais diálogo com os aliados e afirmou que participará mais intensamente da articulação política, ao lado do vice Michel Temer.

Assim que a reunião terminou, as mensagens transmitidas ao público foram de resistência. "A presidenta foi eleita para cumprir quatro anos de mandato e o Brasil é exemplo de democracia para o mundo. Não podemos brincar com a democracia", disse o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva.

"A presidente vai liderar um amplo diálogo com as bancadas, com os partidos, empresários, movimentos sociais. Vai percorrer o país e não há chance de renunciar", disse o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara.

Um dos mais exaltados na reunião, Miguel Rossetto cobrou maior aproximação de Dilma com os movimentos sociais. Já nesta semana, ela deve se reunir com centrais sindicais e entidades como a UNE e o MST.

Leia, abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a reunião de ontem:

Governo tem unidade na base, diz ministro após reunião com Dilma

Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil
Após a reunião da presidenta Dilma Rousseff com a coordenação política do seu governo, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva, disse ontem (9) que o sentimento é de unidade na base do governo.

Segundo o ministro, a reunião serviu para avaliar o cenário político do país e a condução da base diante do cenário de dificuldades na economia e problemas enfrentados na articulação da base no Congresso Nacional. O sentimento majoritário é de unidade [política], vontade política para que a base se consolide o mais rápido possível”, disse Edinho Silva.

Na semana passada, durante a volta do recesso parlamentar, o Congresso retomou seus trabalhos com dificuldades entre o governo e parte da base aliada na votação de projetos que aumentam os gastos públicos, as chamadas pautas-bomba.

O primeiro round da batalha foi a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) 443/09 que vincula o salário da Advocacia-Geral da União (AGU), dos procuradores estaduais e municipais e dos delegados das Polícias Civil e Federal à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O governo queria adiar a votação, para costurar um acordo com os líderes partidários e tentar construir uma alternativa à PEC que, segundo ele, prejudicaria as contas públicas da União, dos estados e dos municípios, em cerca de R$ 9,9 bilhões ao ano. Mas foi derrotado com o apoio de parte da base aliada. Na ocasião, o PDT disse que estava deixando a base e o PTB se declarou independente.

Edinho Silva avaliou como positiva a reunião, que durou cerca de duas horas e meia e foi marcada após uma semana de tensão do governo com a base aliada no Congresso Nacional.

“O sentimento majoritário é que não vamos permitir que interpretações ou utilização política, por alguns setores minoritários, no nosso entender, da própria base e da oposição que elas possam provocar ruídos ou dificultar a construção da governabilidade”, disse o ministro.

De acordo como Edinho Silva, durante a reunião o vice-presidente Michel Temer, responsável pela articulação política do governo, foi enfático em defender o seu compromisso com a presidenta Dilma Rousseff e com a governabilidade. “Todos reconhecem o papel de destaque que o vice-presidente Temer tem. Hoje, ele cumpre um papel fundamental na construção da governabilidade” acrescentou o ministro da Comunicação.

Edinho Silva disse que não houve debate sobre uma eventual reforma ministerial, mas que a presidenta Dilma Rousseff vai se reunir com os presidentes dos partidos da base aliada durante esta semana, com o objetivo de consolidar a base de apoio.

Ainda hoje à noite, após retornar do Maranhão, a presidenta se reunirá em Brasília com líderes da base aliada do governo no Senado, a exemplo do que ocorreu na semana passada com os líderes na Câmara. Silva evitou dizer se o governo vai voltar a falar em pedidos para o parlamento não votar projetos que possam onerar as contas públicas e dificultar o ajuste fiscal.

O ministro disse que o governo tem ciência das dificuldades que o país enfrenta, mas está certo que o Brasil superará os problemas na economia: “Ninguém nega que estamos passando por dificuldades, mas elas serão superadas para que o Brasil, num curto espaço de tempo, possa voltar a crescer, gerar empregos, distribuir renda”.

Brasil 247


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