BRASIL

Com rebaixamento, Bolsa afunda e dólar dispara

O Ibovespa abre em forte queda nesta quinta-feira (10) depois do rebaixamento do rating do Brasil de "BBB-" para "BB+" pela Standard & Poor's, tornando-se a primeira agência a tirar o grau de investimento do País.

Para que a perda se confirme e o Brasil passe para o grau especulativo, é preciso mais um rebaixamento por outra agência. Muitos analistas destacaram a importância do rebaixamento pela surpresa do timing e da mudança da perspectiva para negativa.

Às 10h20 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira caía 2,06%, a 45.696 pontos. Já o o dólar comercial sobe 2,54% a R$ 3,8958 na venda, ao mesmo tempo em que o dólar futuro para outubro disparava 2,31% a R$ 3,895.

A Nomura disse que a previsão de dólar a R$ 4,00 no fim do ano já é otimista. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subia 54 pontos-base a 15,37%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 disparava 54 pbs a 15,19%.

Com a alta do dólar, o Banco Central decidiu fazer mais um leilão de venda de dólares, com compromisso de comprar novamente a moeda no futuro. No chamado leilão de linha, o BC vai vender até US$ 1,5 bilhão. As datas da compra de dólares estão marcadas para janeiro e abril do próximo ano.

No último dia 8, o BC anunciou a venda de até US$ 3 bilhões das reservas internacionais, com o compromisso de comprar novamente os dólares em novembro. Com mais dólares no mercado, o BC tenta suavizar a alta da moeda.

Com o corte do rating, o CDS (Credit Defaul Swap) do Brasil, que é o seguro contra calote dos títulos da dívida brasileiros, sobe 14,6 pontos-base, a 386,68 pontos. Assim, o CDS atinge o seu maior patamar desde 10 de março de 2009.

As ações da Petrobras (PETR3;PETR4), cujos ADRs (American Depositary Receipts) negociados no pré-market da Bolsa de Valores de Nova York caíam mais de 6% estavam cotadas para abrir em forte queda. Todas as principais blue chips que compõem a carteira teórica do Ibovespa estavam ainda em leilão.

Com tantas notícias sobre o rating, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) relativa à última reunião, na qual a taxa Selic foi mantida em 14,25% ao ano, acabou ficando em segundo plano. Na ata da última reunião do Copom, o BC disse que a política monetária tem de manter vigilância diante de maior prêmio de risco. No entanto, no texto, a autoridade monetária apontou que o cenário de convergência da inflação a 4,5% pelo IPCA no final de 2016 tem se mantido. A expectativa pela ata é de manutenção da Selic em 14,25% pelos próximos meses.

Outra notícia que ficou fora do radar é o avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,22% em agosto, contra alta de 0,62% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. No acumulado de 12 meses até agosto, o IPCA subiu 9,53% no mês passado, mostrando ligeira queda ante os 9,56% de julho. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,23% em agosto, acumulando em 12 meses avanço de 9,56%.

Dilma reúne coordenação política após rebaixamento de rating do Brasil

Reuters – A presidente Dilma Rousseff decidiu reunir novamente na manhã desta quinta-feira seu núcleo de coordenação política, um dia depois de o Brasil perder o selo de bom pagador com o rebaixamento do rating soberano pela agência de classificação de risco Standard & Poor's.

Segundo a assessoria de imprensa da Presidência, a reunião será nos moldes da que ocorre normalmente às segundas-feiras. Na agenda da presidente divulgada na véspera, constava no horário uma reunião dela apenas com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

(Reportagem de Leonardo Goy)

Brasil 247


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