CEARÁ

Com retomada de obras do VLT, famílias cobram solução sobre moradia

Foi pela entrevista que o secretário estadual da Infraestrutura (Seinfra), André Facó, deu a um canal de televisão, que Alda Peixoto Mendes, de 67 anos, soube que voltariam a procurá-la para tratar da desapropriação de sua casa, na avenida Borges de Melo. A ação é tida como necessária para o avanço das obras do ramal Parangaba-Mucuripe do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Na coletiva para a imprensa, na semana passada, o gestor disse que pretende entregar o modal no primeiro semestre de 2017.

Tendo de suportar goteiras e janelas quebradas, Alda não se sente à vontade para reformar a casa porque não sabe quando será resolvida a desapropriação. “As residências daqui são todas conjugadas. Diziam que, se fosse pra derrubar, teria que derrubar tudo”, comentou.

Para a execução do VLT, o Governo entendeu que era preciso a desapropriação de 2.185 imóveis no caminho da obra. Destes, 1.352 foram desapropriados (996 já demolidos), segundo informou, em nota a Seinfra. Sobram 833 propriedades em negociação.

No mesmo comunicado, a secretaria afirmou que 555 famílias receberam aluguel social e que, deste total, 418 continuam recebendo o benefício, enquanto outras 137 aceitaram mudar para apartamentos no residencial Cidade Jardim, no bairro José Walter.

Para dar continuidade aos reassentamentos, a pasta acrescentou que já adquiriu terrenos nos bairros Vila União e São João do Tauape, e que prospecta outros locais para abrigar moradores atingidos no Bairro de Fátima.

A filha de Alda, Meirelane Peixoto Mendes, 48, não é propensa à ideia de se mudar com a família para o Cidade Jardim. “Aqui a gente já conhece a vizinhança, sabe quem é quem”, justificou, lembrando que começou a morar na Borges de Melo ainda na década de 1980 e que, se for para mudar, que seja para uma casa na região.

 

Ocupação

Das 139 famílias que se instalaram em barracos embaixo do trecho elevado do VLT, na avenida Aguanambi, 97 devem receber casas ou aluguel social, enquanto as 42 restantes seguem desamparadas e buscam, junto à Defensoria Pública, uma solução para a falta de moradia. Pelo menos essa foi a informação repassada aos ocupantes, que apresentaram ao O POVO documento com seus nomes, CPFs, RGs e telefones, para negociação a respeito da retomada das obras do VLT.

Lá, o cenário é tão nocivo que crianças e adultos adoecem constantemente por viverem em piscinões de água suja. É o caso do entregador Pedro Amâncio, de 52 anos, que mora com o filho e integra a lista dos que ainda não têm amparo do Estado ou do Município. “Eu falei pra defensora: se não me derem canto pra morar, que por direito nós temos que ter, eu boto minha cama fora (do barraco) e continuo por aqui, porque dinheiro eu não tenho”, criticou.

Diferente do número passado pelos ocupantes, a Seinfra informou que a Secretaria do Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) contabilizou somente 105 famílias vivendo na área e que a Secretaria das Cidades deve encaminhar seus cadastros para análise da Caixa Econômica, que financia empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida, a fim de, possivelmente no segundo semestre deste ano, lotá-las no residencial Cidade Jardim 2. “Todo mundo tá de acordo em sair se tiver casa ou aluguel”, resumiu Juliana da Silva, 26.


Luana Severo
O Povo


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Recomendamos pra você


Receba Notícias no WhatsApp