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Confira as 10 marcas campeãs de recalls na última década

O setor automotivo foi campeão em defeitos com potencial de comprometer a segurança do consumidor na última década. Tanto que as 10 marcas com o maior número de campanhas de recall no período foram todas de veículos.

Problemas de fabricação em automóveis ou motocicletas representaram 77% do total de chamados desde novembro de 2003, segundo a fundação Procon, vinculada à Secretaria Nacional do Consumidor. As marcas com mais ocorrências foram Mercedes-Benz, Ford e Volvo.

De janeiro a novembro deste ano, 47 dos 59 chamados de recall foram relacionados a defeitos em automóveis ou motocicletas. Desde 2003, as montadoras convocaram os consumidores para reparos nada menos que 438 vezes, atingindo 6,1 milhões de unidades.

E o número de campanhas só cresce a cada ano: desde 2010 – ano que atingiu o pico de 82 casos – a quantidade de chamados é mais que o dobro de dez anos atrás (33 ocorrências).

Esse aumento pode ter um lado positivo, na opinião da assessora técnica do Procon-SP, Andrea Arantes. “Pode indicar que as empresas estão detectando mais os defeitos e cumprindo o que manda a legislação”, afirma.

Contudo, também pode ser um indício de que a produção massificada esteja afetando a qualidade final dos produtos, acredita a especialista. Problemas no sistema elétrico, nos freios e no sistema de combustível foram as três maiores causas de recalls no período.

Adesão às campanhas

Quanto mais antigo o veículo, menores as chances de os consumidores atenderem aos chamados de recall, de acordo com Andrea. “Quando o veículo troca de proprietário, fica mais difícil localizá-lo para fazer o reparo”, observa.

Por esse motivo, ao comprar um veículo usado, é importante checar primeiro se ele já passou por algum recall. Todas as campanhas realizadas na última década estão disponíveis no site de recalls do Ministério da Justiça. É possível localizar o automóvel pela modelo, marca ou ano de fabricação.

Automóveis de luxo costumam ter uma frequência maior de recalls atendidos por consumidores, muitas vezes em 100%, segundo Andrea, devido ao menor número de unidades e pelo atendimento mais personalizado ao cliente.

De acordo com o Procon, muitas vezes as empresas repetem o recall pelo mesmo defeito devido à baixa adesão aos chamados, motivo pelo qual algumas marcas têm mais campanhas que outras.

“O ideal seria que as empresas fizessem uma comunicação individualizada, já que o objetivo é atingir 100% dos consumidores, mas isso não acontece. As companhias se limitam a fazer o que a lei determina”, observa a técnica do Procon. Não é obrigatório atender a uma campanha de recall, mas não fazê-lo é assumir um potencial risco à própria saúde ou segurança, apesar de não haver penalidade.

O Código de Defesa do Consumidor determina que as empresas divulguem a campanha nas principais mídias (TV, rádio e jornais de grande circulação), mas é possível que o consumidor simplesmente não fique sabendo do defeito a ser reparado.

Se o consumidor já havia reparado um defeito no automóvel com os próprios recursos, e fica sabendo da campanha de recall pelo mesmo problema, ele tem direito ao ressarcimento do que gastou. “O consumidor não pode ficar desamparado por um problema gerado pela empresa”, diz Andrea.

Com frequência, a necessidade de recall só é descoberta a partir de um acidente de consumo, grave ou não. Daí a necessidade de o consumidor fazer a denúncia aos órgãos de defesa do consumidor se notar qualquer problema de fabricação.

Apesar de veículos representarem a maioria das campanhas, defeitos em qualquer produto são passíveis de campanhas de recall. O segundo segmento com o maior número de chamados, nos últimos dez anos, foi o de produtos de saúde, com 6,3% da fatia, seguido do de brinquedos, com 3,8%.

Casos inusitados

Na terça-feira (3), o Procon divulgou um dos recalls mais inusitados do ano. O alerta foi dado pela canadense Bombardier, que encontrou um problema no acelerador de barco. O aviso é assustador. A falha no sistema pode provocar o “deslocamento inadvertido da alavanca”, com “perda de aceleração e controle do barco, podendo o condutor, passageiro e/ou pessoas próximas sofrerem lesões graves, inclusive a morte”.

Outro caso curioso foi divulgado em setembro passado. A Kimberly-Clark Brasil previa na ocasião recolher 1,4 milhão de caixas dos absorventes internos Intimus e Intimus Evolution fabricados com um aplicador que pode causar desconforto ou dor às usuárias.

Nem a indústria farmacêutica escapou das falhas. Em maio passado, o Ministério da Justiça divulgou nota informando que cerca de 3 milhões de embalagens do medicamento Tylenol (200 mg/ml – apresentação gotas, fabricado entre dezembro de 2011 a novembro de 2012) devem ser recolhidas do mercado por apresentar a possibilidade de o gotejador da embalagem se desprender totalmente ou parcialmente do frasco, com risco de superdosagem do medicamento.

Mas um dos casos mais ruidosos no ano foi o do recall da bebida de soja Ades, da Unilever. Um dos lotes foi envasado com produto de limpeza. Alguns consumidores denunciaram problemas de saúde decorrentes de uma possível contaminação pelo produto.

Um recall sui generis – desta vez fora do Brasil – marcou o ano. O Vaticano fez um recall das medalhas oficiais do primeiro ano do pontificado do papa Francisco devido a um erro de grafia no nome "Jesus" – a letra "L" foi cunhada no lugar da "J". Nem o Vaticano escapou da falha.

iG São Paulo


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