BAHIA

Decisão da Petrobras pode prejudicar estado

Com o anúncio da Petrobras de vendas de ativos e foco dos investimentos na exploração da camada pré-sal, a estatal pode reduzir drasticamente a presença na Bahia, onde a atividade da empresa é concentrada na exploração dos chamados campos maduros.


A situação é preocupante, já que os campos maduros são responsáveis por mais de 1.500 empregos diretos e outros mais de quatro mil de empresas terceirizadas no estado, segundo dados do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro).


Além da ameaça aos postos de trabalho, "uma eventual saída da Petrobras da exploração nessa área, com concessão da atividade para produtores independentes, pode representar impacto na receita das prefeituras e na economia local dos municípios, sobretudo do Recôncavo e da região metropolitana de Salvador, onde há mais forte presença da estatal hoje", como destaca o ex-dirigente da estatal na Bahia Antônio Rivas, atualmente membro do Conselho de Petróleo e Gás da Fieb.


Dentre os municípios que poderiam ser mais afetados com a saída da Petrobras dos campos maduros baianos, destacam-se Esplanada, Entre Rios, Cardeal da Silva, Pojuca, Mata de São João, São Francisco do Conde, Candeias e São Sebastião do Passé.


De acordo com os dados do Conselho de Petróleo e Gás da Fieb, a estatal mantinha investimentos anuais da ordem de R$ 1,2 bilhão nos campos maduros baianos, com impacto direto na receita dos municípios.


O desinteresse da Petrobras nos campos maduros – campos terrestres que já passaram do pico de produção – é explicado numa escala de mil: enquanto no pré-sal, a média é de produção de 20 mil barris por dia; nos poços em terra, onde estão os maduros, são apenas 20 barris/dia.


Segundo dados do Conselho de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), de aproximadamente, 75 campos terrestres em exploração pela Petrobras na Bahia, pelo menos, 70 são considerados maduros.


No mar, seja na camada pré-sal ou pós-sal, as operações no estado ainda não deslancharam, aguardando licença ambiental ou a realização de leilões para exploração.


Investimentos
"Se, estrategicamente, a atividade não interessa mais à Petrobras, que é uma gigante do setor, será preciso criar mecanismos que a tornem mais viável para os pequenos e médios produtores independentes", diz Rivas.


Ele alerta para o fato de que as empresas que possam assumir a concessão não terão condições de manter os mesmos níveis de investimentos feitos pela estatal. Destaca ainda as ações extras de interesse comum desenvolvidas pela Petrobras que, de 2003 a 2012, aplicou, por exemplo, R$ 20 bilhões na recuperação de estradas. "Somente nos dois governos de Jaques Wagner, a parceria para a recuperação de estradas foi de R$ 60 milhões", acrescenta.


Uma das intervenções destacadas foi na BA-093, na recuperação do trecho entre Pojuca e a BR-101. "Claro que uma empresa de produção independente não teria, a princípio, interesse nesse tipo de ação", acredita Rivas.


O Conselho de Petróleo e Gás da Fieb defende que, caso seja efetivada a intenção da Petrobras em vender os campos maduros entre seus ativos, "que seja criado um programa de incentivos à exploração da atividade em terra, inclusive garantindo condições para a atuação de pequenas e médias empresas brasileiras".


A proposta foi levada esta semana ao governador Rui Costa, em audiência intermediada por três deputados petistas: Joseildo Ramos, Rosemberg Pinto e Zé Neto. 

A Tarde


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