BRASIL

Deputado cita matéria da NORDESTE em discurso no congresso sobre crise hídrica

O deputado federal da Paraíba, Luiz Couto (PT), fez um pronunciamento no Congresso Nacional alertando sobre a grave crise hídrica que atinge todo o país. Couto cita a matéria "Até o Sudeste sem Água", da edição 107 da Revista NORDESTE, para embassar o seu discurso. Ele discorre sobre vários dados presentes no artigo e elogia o trabalho do diretor da revista, Walter Santos, e do chefe de redação e autor da matéria, Paulo Dantas.

Confira na integra o que disse o deputado federal Luiz Couto:

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que dê como lidos este pronunciamento. Registro um texto produzido pela Revista Nordeste, cujo proprietário e diretor é o Jornalista Walter Santos. Escrito pelo Jornalista Paulo Dantas, o texto trata da seca. Mostra que temos que cuidar da água, porque os recursos hídricos estão cada vez mais escassos. Há necessidade, sim, de cuidar desse bem, que é fundamental, para que não se acabe.

Nesse sentido, quero parabenizar a Revista Nordeste, bem como seu diretor, o Jornalista Walter Santos, e o Jornalista Paulo Dantas.
Sr. Presidente, peço a V.Exa. que divulgue meu pronunciamento nos meios de comunicação da Casa e pelo programa A Voz do Brasil.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em meio aos problemas sociais, o que mais tem afetado a nossa população é a crise hídrica. Trata-se da escassez de água em diversas regiões do Brasil, principalmente nas regiões do Nordeste e agora no Sudeste.

No Nordeste, a seca, que conhecemos bem, ainda faz vítimas e causa desastres naturais. Mas nos surpreendemos, nos últimos anos, com a temível falta d'água que se deu pelo imenso Sudeste. Talvez, Sr. Presidente, se tivéssemos ouvido os especialistas anos atrás, anunciando o desastre, não teríamos passado com tanta ferocidade a falta deste mais importante alimento para o corpo humano.

Um dos melhores músicos do Brasil, Alceu Valença, descreveu, na música A Seca o que hoje é difícil de aceitar, mas é, de modo doloso, uma grande realidade. Diz ele:

"Na Caatinga o homem chora;
O boi que morreu de sede;
A roça que era verde;
A seca torrou garrancho."

Agora, absurdamente, o chão seco atinge boa parte do Brasil. Segundo a Revista Nordeste, em reportagem especial escrita pelo Jornalista Paulo Dantas, a crise hídrica pode dificultar ainda mais o já difícil momento econômico do País. Segundo a reportagem, a situação não tem sinais de melhora. A Organização Meteorológica Mundial está prevendo para este ano um dos quatro mais quentes El Niños dos últimos 65 anos. A previsão dá como certa que a seca se estenderá para 2016, talvez até mais além.

Estamos vivendo uma situação que exige de nós extremos cuidados com os recursos hídricos. Aquilo que temíamos para daqui a 20 anos está acontecendo agora. É necessário que busquemos soluções estratégicas de forma emergencial para que esse terrível relapso hídrico não seja ainda mais agravante em nosso meio.
A Revista Nordeste descreveu bem esse diagnóstico. Segundo a revista, no cenário da seca, que revela a pior crise hídrica dos últimos 85 anos, segundo especialistas e autoridades, a Região Sudeste tem convivido com uma realidade à qual normalmente não é afeita. Hoje, pelo menos 133 cidades sofrem algum tipo de dificuldade motivada pela seca. O Sudeste é abastecido pelo Sistema Cantareira, pela Bacia do Paraíba do Sul e pelo Rio São Francisco, os três em situação crítica, segundo a Agência Nacional de Águas – ANA.

A revista destaca, com ênfase, os Estados que foram atingidos por desastres hídricos nos últimos tempos. São eles: São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Bahia, Sergipe, Alagoas e Maranhão.
São Paulo já obteve 170 mil reclamações por falta de água na capital. Em 2014, no mínimo três vezes por semana faltava água na capital. Hoje, 33 cidades da Região Metropolitana de São Paulo vivem alguma dificuldade devido à seca. Em outubro de 2014, o nível de água do Sistema Cantareira chegou a 12,8%. Pelo menos 9 milhões de pessoas dependem do Sistema Cantareira.

Em Minas Gerais, 105 Municípios declararam situação de emergência. No norte de Minas, o cenário desolador dominou a paisagem mineira. Em julho deste ano, rios e córregos já estavam secos na região. Em Paraopeba, cidade que abastece Belo Horizonte, já estava em 25% a capacidade de água.
O Espirito Santo, atualmente, vive um dos maiores desastres ambientais do Brasil. Além disso, está decretado estado de emergência e alerta. São mais de 10 cidades que sofrem racionamento e vivem uma situação crítica; são ao menos 16 Municípios que já decretaram situação de emergência. Dentre eles, nove Municípios têm restrições na captação e no uso de água para fins industriais e de irrigação. É priorizado o abastecimento humano e o animal em todas as bacias hidrográficas.
No Estado do Rio de Janeiro, o reservatório de Paraibuna alcançou volume morto. A situação é a mais grave dos últimos 85 anos. O volume do Rio Paraíba do Sul está em 7,30%!

Em Pernambuco, 14 cidades pararam de ser abastecidas desde 2012 e recebem água por carros-pipa. No Estado, 28 cidades estão em pré-colapso, nove cidades têm sido submetidas a rodízio no abastecimento d'água. Desde 1° de outubro, 12 cidades sofrem rodízios de 2 dias para 28 sem água no mês!
No Rio Grande do Norte, dos 167 Munícipios, 150 estão em situação de emergência, 122 são abastecidos por caminhões-pipa e 35 fornecem água aos moradores por meio de rodízios.

No Ceará, dos 153 açudes do Estado, 24 estão secos e 41 já estão utilizando o volume morto. Em 4 anos, das 184 cidades, 176 tiveram declarada situação de emergência. São 178 localidades rurais e urbanas atendidas por carros-pipa. Exatamente 28 Municípios passam por algum tipo de racionamento no abastecimento de água. Reservas hídricas encontram-se com 17% do volume, menor percentual desde 1986.
Já no Piauí, 152 cidades estão em situação de emergência. Reservatórios estão trabalhando com 50% de sua capacidade. As zonas urbanas das cidades atingidas pela seca recebem água através de carros-pipa. No Estado, cerca de 150 mil pessoas sofrem os efeitos da estiagem e ao menos 12 barragens estão com menos de 50% de sua capacidade máxima.

Os Estados da Bahia, de Sergipe, Alagoas e Maranhão vivem também situações críticas. Na Bahia, 139 Municípios estão em situação de emergência, um sofre racionamento. Em Sergipe, sete cidades decretaram estado de emergência devido à seca. Em Alagoas, 38 cidades estão em situação de emergência e três entraram em estado crítico. Já no Maranhão, 7 cidades registram as dez maiores temperaturas do Nordeste.
O Meteorologista e representante brasileiro na Organização Mundial de Meteorologia, Luiz Carlos Molion, em entrevista dada à Revista Nordeste, afirma que a situação que o Brasil está vivendo hoje pode se prolongar até 2021.

Uma das soluções previsíveis para garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 Municípios do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte é a transposição das águas Rio São Francisco.
A Revista Nordeste reconhece o investimento do Governo Federal para aliviar a dor da seca. Essas obras começaram em 2007, no Governo Lula. A primeira obra a ser entregue no Governo do PT foi a Estação de Bombeamento do Eixo Leste (EBV-1), no Município de Floresta, em Pernambuco. O resto das obras, segundo o Governo, serão entregues até 2017.

Para finalizar, Sr. Presidente, desejo parabenizar a Revista Nordeste, na pessoa do seu Diretor, Walter Santos, pela instrutiva e rica matéria. Desejo também parabenizar o projeto do Governo Federal, que tem se empenhado dia e noite para ajudar o povo brasileiro a cuidar e usufruir do bem mais precioso da vida, com respeito e cautela.

Desejo também chamar a atenção da população brasileira para a necessidade de não mais permitir o uso desregrado da água. Economia e planos são as palavras para sairmos dessa crise, porém nem todas as pessoas pensam e agem dessa forma. Há muitos que, mesmo em meio a esse caos, comportam-se como se estivesse tudo bem e nada estivesse acontecendo: fazem o uso e abusam desse recurso, achando que cabe somente ao Governo ou a uma parcela da população buscar soluções.

Uma das formas de diminuir a gravidade da situação é estabelecer multas para aqueles que não se reeducarem, fazendo o uso correto da água, pois o ser humano só entenderá que essa é uma questão séria e começará a agir quando for afetado o lado financeiro.
Era o que tinha a dizer.


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