BRASIL

Descobertas abrem novas fronteiras do petróleo no NE

O foco dos investimentos é o pré-sal, no litoral da região Sudeste, mas o sucesso da atividade exploratória recente aponta o surgimento de novas províncias petrolíferas na região Nordeste, até agora grande produtora de petróleo em terra. Apenas no último ano, foram comunicadas à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) 11 descobertas de petróleo no litoral nordestino, que tem sido alvo de disputa acirrada nos últimos leilões do setor. Nas mais promissoras, na Bacia de Sergipe-Alagoas, as reservas são estimadas extraoficialmente em até 3 bilhões de barris.

Na noite de terça-feira, a Petrobras anunciou descoberta inédita de petróleo em águas profundas na Bacia Potiguar, no litoral do Rio Grande do Norte. A companhia evitou maiores detalhes sobre o resultado, alegando que o poço permanece sendo perfurado até atingir a profundidade total de 5 mil metros. "O consórcio dará continuidade às operações para concluir o projeto de perfuração do poço até a profundidade prevista, verificar a extensão da nova descoberta e caracterizar as condições dos reservatórios encontrados", limitou-se a dizer, em comunicado.

"Ainda é cedo para avaliar sua importância, mas é certamente uma boa notícia", afirma o geólogo Pedro Zalán, da ZAG Consultoria. Ele lembra que a região foi disputada na 11ª Rodada de Licitações da ANP, realizada em maio, com quatro blocos concedidos, o que garante o aumento da atividade exploratória. Dentre os vencedores de blocos na bacia, estão a Petrobras e a gigante norte-americana ExxonMobil. Até agora, o Rio Grande do Norte se notabiliza pela produção terrestre de petróleo, sendo o sexto maior produtor do país. Faz parte da chamada margem equatorial brasileira, principal aposta das petroleiras que operam no país em termos de áreas fora da região do pré-sal.

Nesta área também estão a Bacia do Ceará, que teve uma descoberta em águas profundas este ano, e a de Barreirinhas, região mais concorrida no último leilão da ANP – que começa a viver um período de intensa atividade exploratória. A margem equatorial brasileira tem condições geológicas parecidas com a de Gana, na Costa Oeste da África, onde há descobertas importantes de óleo de boa qualidade.

A principal expectativa no litoral nordestino, porém, está fora da margem equatorial. Desde dezembro de 2012, foram sete descobertas na Bacia de Sergipe-Alagoas, que começa a despontar como a mais nova província petrolífera do país. Estimativas preliminares apontam a presença de até 3 bilhões de barris de petróleo na região, volume equivalente a 1/4 das reservas provadas do Brasil atualmente. "Sergipe é uma realidade e deve ser tornar um polo produtor nos próximos cinco a dez anos", aposta Zalán. "O mais importante é que o óleo encontrado é leve, do tipo que o Brasil precisa", conclui.

Hoje, 72% da produção nacional de petróleo vem da Bacia de Campos. A concentração já foi maior, mas investimentos exploratórios da primeira metade dos anos 2000 resultaram no desenvolvimento das bacias dos Espírito Santo e Santos, em um movimento que culminou descoberta do pré-sal – a bacia capixaba, por exemplo, já responde por 15% do volume produzido no país. A corrida rumo ao Nordeste teve início na virada da década, primeiro pelo Sul da Bahia, que ainda não apresentou grandes resultados, até chegar à margem equatorial.

RUMO AO NORTE

■ No início dos anos 2000, Petrobras busca descentralizar a produção, ainda concentrada na Bacia de Campos, e foca investimentos exploratórios nas Bacias de Santos e do Espírito Santo, em um processo que culminou com a descoberta do pré-sal.

■ Após o sucesso na primeira etapa, empresa segue rumo ao Nordeste, primeiro pelo Sul da Bahia, onde há poucas descobertas e, depois na Bacia de Sergipe-Alagoas, que já tem grandes descobertas e pode começar a operar em um prazo de cinco a dez anos.

■ Para a próxima década, a aposta recai sobre a margem equatorial, que inclui as bacias da Foz do Amazonas, do Pará-Maranhão, de Barreirinhas, do Ceará e do Rio Grande do Norte, áreas ainda com pouca atividade exploratória, mas com potencial de descoberta de petróleo de boa qualidade.

iG Economia


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