BRASIL

‘Dilma não pode se subordinar aos interesses do PT’, diz Berzoini

Recém-chegado à Esplanada, o novo ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, admite a necessidade de aproximar a presidente Dilma Rousseff do mundo político, para sanar as dificuldades que hoje atingem a articulação política do governo. Em entrevista ao programa Opinião, da TViG, Berzoini adianta que a presidente vai intensificar as reuniões com partidos neste último ano de governo. Dilma, segundo ele, também se prepara para dar início a uma agenda de aproximação com empresários.

“Existe uma demanda no mundo político por maior proximidade com o mandatário, com o plano Executivo”, diz o ministro. Ele admite que parte dessa aproximação será naturalmente pavimentada pela eleição. Mas manda um recado ao PT, diante da declaração feita ao iG pelo senador Lindbergh Farias (RJ), para quem Dilma não deve “colar” peemedebista Sérgio Cabral. “As decisões da presidente, pré-candidata à reeleição, não podem se subordinar exclusivamente aos interesses do PT ou de qualquer outro partido”, afirma.

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Berzoini foi entrevistado pelos jornalistas Tales Faria, vice-presidente editorial do iG; Rodrigo de Almeida, diretor de Jornalismo; Clarissa Oliveira, diretora da sucursal de Brasília; e Luis Nassif, que está à frente do jornal GGN e integra o time de parceiros inseridos no iGlr, nova blogosfera do portal.

Na entrevista, o ministro disse enxergar lados positivos e negativos na maneira de governar da presidente, inclusive no fato de demonstrar menos traquejo político que o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva.

“Dilma tem um estilo que é de acompanhar muito mais no detalhe o conjunto dos programas em andamento do que o presidente Lula, que tinha muito mais uma cultura de articular e delegar. Na relação com o empresariado, muitas vezes, realizava reuniões que permitiam um sentimento de maior participação. Acho que é bom para o governo essa referência. Acho que a presidente Dilma está disposta a fazer mais desse tipo de encontro, a ampliar esse sentimento de diálogo.”

PMDB

Na avaliação do ministro, a aproximação de Dilma com a política tende a melhorar a relação com o Congresso, num momento em que o Planalto assiste ao aumento das tensões com o PMDB. Berzoini minimiza as preocupações com a sigla aliada e nega que o governo tenha aderido ao toma-lá-dá-cá.

“A expressão toma lá dá cá é uma tentativa de fazer uma caricatura do que é uma composição política, que existe no Japão, na Europa, nos Estados Unidos, em qualquer lugar do mundo. Você governa numa frente de partidos, você tem que compor para conseguir governar”, diz ele.

Ele reconhece que o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), surpreendeu por sua “capacidade de organização”. “De certa forma, ele dialogou com uma parte da base e captou um sentimento de insatisfação”, disse.

Crise

Berzoini reforçou o discurso da cúpula petista, ao se queixar da ação da oposição diante das denúncias sobre a Petrobras. “É uma tentativa de criar uma pauta que possa encobrir o conjunto de realizações do governo, diz o ministro. Ele admite, entretanto, que o governo agora precisa retrabalhar a imagem da companhia. “Acho que há uma deficiência de comunicação evidente, que precisa ser superada rapidamente”, completa.

Berzoini também reitera que o PT vai avaliar a possibilidade de instaurar um procedimento interno contra o deputado André Vargas. Mas procurou desmontar a tese de que o envolvimento do colega com o doleiro Alberto Youssef se assemelha ao do ex-senador Demóstenes Torres com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

“Não é desejável que nenhum parlamentar receba qualquer tipo de benesse de ninguém. Mas fora a questão jatinho eu não vi uma relação que denote o mesmo tipo de promiscuidade”, disse Berzoini, numa referência ao fato de Vargas ter usado um jatinho fretado pelo doleiro.


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