BRASIL

Durante cerimônia, Janot ignora Cunha e defende Operação Lava Jato no STF

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ignorou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao fazer as saudações das autoridades presentes no início de sua fala durante a cerimônia de abertura dos trabalhos do Judiciário no Supremo Tribunal Federal.

Janot, que estava sentado ao lado de Cunha, saudou apenas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que representava a presidente Dilma Rousseff.

Em seu discurso, Janot destacou o sucesso da Lava Jato, investigação pela qual Cunha é alvo de denúncia da PGR. Leia mais na reportagem da Reuters:

Ao lado de Cunha e Renan, Janot destaca sucesso da Lava Jato em discurso no STF

BRASÍLIA (Reuters) – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, exaltou nesta segunda-feira o sucesso da operação Lava Jato ao discursar na abertura do ano do Judiciário no Supremo Tribunal Federal (STF) em cerimônia com a presença dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ambos investigados pela operação.

"Os poderes político, econômico e os setores da sociedade civil hão de entender que o país adentrou em nova fase, da qual os holofotes não serão desligados e estarão constantemente direcionados à observância estrita do ordenamento jurídico. É isso que a sociedade espera do Ministério Público", afirmou Janot, após enumerar dados da Lava Jato como 119 mandados de prisão cumpridos, 40 acordos de delação premiada e 5 acordo de leniência.

"Até o momento são 80 condenações, contabilizando 783 anos e 2 meses de pena", acrescentou.

Segundo Janot, os crimes denunciados até o momento envolvem o pagamento de propina de 6,4 bilhões de reais, dos quais 2,8 bilhões foram recuperados por meio de acordos de colaboração e 659 milhões foram repatriados. Também já foram bloqueados 2,4 bilhões de reais em bens dos réus, afirmou.

Janot também rebateu os críticos da Lava Jato, dizendo que "enganam-se de forma propositada e interpretam de forma distorcida aqueles que questionam" o cerne das investigações.

"Da mesma forma que elementos podem conduzir nossa atuação ao oferecimento de denúncia, igualmente levam-nos a querer o arquivamento. A autonomia e a imparcialidade da Justiça e do Ministério Público opõem-se a qualquer tipo de autoritarismo, de caráter político, ideológico ou econômico", afirmou.

O procurador-geral fez o discurso lado a lado com Cunha, que é alvo de um pedido de afastamento da presidência da Câmara e de seu mandato parlamentar em decorrência dos inquéritos no âmbito da Lava Jato.

O deputado foi denunciado pela PGR por suspeita de ter recebido 5 milhões de dólares em propina no esquema de corrupção na Petrobras. Também é alvo de inquérito que apura a existência de contas bancárias no exterior no nome dele e de familiares.

Após Janot discursar, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, elogiou a fala do procurador-geral, dizendo que ficará marcada na história da corte.

Também estava presente à cerimônia, representando a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que já foi criticado por Cunha por supostamente não coibir vazamentos de informações sigilosas envolvendo o deputado. Cunha, Cardozo e Renan não discursaram na cerimônia.

(Reportagem de César Raizer, com reportagem adicional de Pedro Fonseca)

Brasil 247


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