BRASIL

Entenda o que muda com suspensão dos concursos pelo Governo Federal

A vida de concurseiro não é fácil: são horas de estudos, pouco dinheiro e muita abdicação. E parece que o Governo Federal resolveu dificultar mais um pouquinho. É que o pacote de contenção de gastos anunciado nessa segunda-feira (14) incluiu a suspensão dos concursos a serem abertos no plano federal até agosto de 2016. A medida resultaria em um caixa positivo na casa do R$ 1,5 bilhão.

Entretanto, para os especialistas em concurso, a medida não é motivo para desespero. “Se realmente acontecer, a suspensão vai durar somente um ano. É um tempo muito curto. Alguns concursos necessitam de mais de dois anos de preparação. Quem está realmente estudando não deve desanimar. Pelo contrário, tentar encarar pelo lado positivo: o tempo a mais que terá para estudar”, afirma o professor de português Rodrigo Bezerra, da Cers Cursos Online, empresa de cursos preparatórios online com mais de 100 mil alunos em todo o País.

Rodrigo Bezerra lembra que a proposta ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional, e que os concursos já autorizados este ano não serão afetados. “A medida também não vale para concursos promovidos pelos governos estaduais, prefeituras e nem pelos poderes Legislativo e Judiciário”, explica o professor.

Dentre os concursos federais que já receberam aval e que não estarão impedidos de serem realizados estão os do: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); Agência Nacional de Saúde (ANS); Agência Nacional de Petróleo (ANP); Fundação Nacional do Índio (Funai); Ministério das Relações Exteriores (MRE); e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A concurseira e jornalista Susana Barros, 30 anos, residente em Natal (RN), estuda nove horas por dia com o objetivo de ingressar na carreira pública. Para ela, a notícia trouxe preocupação. “Mexeu bastante comigo e também com os meus colegas de cursinho. Nas redes sociais, já comentam que serão menos 40 mil vagas. Prefiro pensar que isso é terrorismo, até porque sabemos que existe déficit de servidores em vários órgãos federais”, afirma Susana.

O advogado e também concurseiro Emerson Lima, 27, que há seis meses pediu demissão no escritório onde trabalhava no Recife para se dedicar exclusivamente aos estudos, resolveu seguir o conselho de especialistas e aproveitar o “tempo a mais” para estudar. “Pelo menos o concurso que almejo do INSS, aprovado no orçamento de 2015, está garantido. Se outros forem suspensos, vou aproveitar o tempo para me preparar ainda mais, pois sei que um dia serão abertos”, disse.

O consultor William Shimitti, da Gran Cursos Online (empresa que também oferece cursos e videoaulas na internet), lembra que esta não é a primeira vez que o Governo Federal suspende concursos com a justificativa de reduzir gastos.

Em 2011, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, suspendeu alguns certames. “O resultado foi que aumentou o déficit de servidores e, no ano seguinte, foram abertas mais de 25 mil vagas em todo o País”, afirma. William destacou que o pacote de cortes do Governo apresentado nesta semana também afetou o abono permanência, pago para que os servidores em condições de requererem a aposentadoria continuem trabalhando. “Os pedidos de aposentaria deverão aumentar e muitas vagas ficarão abertas e precisarão ser preenchidas. Ou seja, o déficit tende a piorar”.

Mariana Dantas
Ne10


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