BRASIL

Entrevista: Nicolelis avança com pesquisa de exoesqueleto para tetraplégicos

O neurocientista Miguel Nicolelis ficou conhecido do grande público em 2014 ao anunciar que faria um paraplégico dar um chute inicial da Copa do Mundo no Brasil. Sem mágica: a pessoa em questão estaria usando um exoesqueleto conectado ao cérebro, movendo-o apenas pela 'força do pensamento'. Seria uma demonstração do projeto Andar de Novo, encabeçado por Nicolelis, na qual ele estuda a possibilidade de estabelecer uma conexão entre o cérebro e máquinas.

Após o feito da Copa, o cientista permaneceu distante da grande mídia, mas os estudos prosseguiram. Em entrevista à NORDESTE, ele fala sobre seus projetos, sonhos, política e revela que tem anúncio mundial a fazer em breve.

Confira abaixo um trecho da entrevista, que estará na edição de julho da Revista NORDESTE:

 

Revista NORDESTE: Quais as pesquisas desenvolvidas hoje pelo senhor?

Miguel Nicolelis: São várias. São pesquisas relacionadas a interface cérebro máquina e elas têm uma grande variedade de linhas. Estudamos mecanismos básico de funcionamento do cérebro, novas terapias para Parkinson, novos métodos de aplicação para paralisia, epilepsia. Nós temos, inclusive, uma nova terapia usando uma interface, uma nova prótese, que acabamos de publicar para cegueira. São várias linhas tanto básicas, quanto aplicadas à medicina

NORDESTE: O que é o exoesqueleto?

Nicolelis: É uma vértebra robótica que foi criada, no nosso caso, no intuito de oferecer uma nova ferramenta de reabilitação para pacientes com lesões medulares. No nosso caso esse exo foi o primeiro controlado pela atividade cerebral direta do paciente e que permite que o paciente receba também feedback tátil durante a triangulação. Ou seja, ele não só controla o movimento de andar, mas ele tem o sinal que informa para ele quando o pé do exoesqueleto encosta no chão, quando a perna dobra. Então o paciente tem uma experiência muito mais realista. Principalmente paciente com lesão medular, que não anda há muito tempo, tem uma experiência extremamente real de estar andando novamente.

NORDESTE: Em maio, na Filadélfia, o senhor revelou as primeiras evidências de melhoria sensório-motora em sete participantes com lesão medular, após 24 meses de neuroreabilitação, baseada em interface cérebro-máquina. O senhor pode explicar o que significa esse avanço?

Nicolelis: Em poucas semanas nós vamos fazer um anúncio mundial sobre esse avanço, não posso dar mais detalhes porque os resultados foram feitos para publicação.

NORDESTE: Não pode adiantar nada?

Nicolelis: Posso adiantar que são resultados inéditos, espetaculares e que por causa disso vamos ter que fazer um anúncio mundial sobre o que nós conseguimos com os sete pacientes que permaneceram treinando com a gente desde o final de 2013.

NORDESTE: Onde foi esse treinamento? São pacientes com paraplegia?

Nicolelis: Foi feito aqui em São Paulo. Pacientes com paraplegia completa. Começamos com oito pacientes em dezembro de 2014. Sete que continuaram até hoje, completando 28 meses de treinamento.

NORDESTE: O senhor já afirmou que o exoesqueleto não servirá ao uso industrial, como o modelo para trabalho pesado apresentado pela Lockeheed Martin. Qual a diferença dos dois modelos?

Nicolelis: O nosso é um protótipo que foi criado para uso experimental, para testar. Nós não temos nenhuma capacidade de produção industrial. Nosso trabalho é um trabalho de pesquisa clínica. Só que as ideias que nós escrevemos e as novas invenções que nós realizamos vão ser descritas publicamente e eu imagino que outros que são especializados no desenvolvimento de produtos industriais vão aproveitar essas ideias porque elas claramente deram resultados muito importantes do ponto de vista da reabilitação.

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