RIO GRANDE DO NORTE

Estado lidera número de mortes de bebês por microcefalia no país

Já são 106 o número de casos suspeitos de microcefalia registrados no Rio Grande do Norte. O Estado é o quarto em número de casos e está em primeiro em mortes de bebês pela má formação e suspeita de infecção pelo vírus Zika, com sete óbitos, segundo o Informe Epidemiológico sobre Microcefalia, divulgado ontem, dia 8, pelo Ministério da Saúde. Os casos ainda estão em investigação para confirmar a causa dos óbitos.

Em todo o Brasil, até o dia 5 de dezembro, foram registrados 1.761 casos suspeitos de microcefalia e 19 óbitos, em 422 municípios de 14 estados. Pernambuco apresenta o maior número de casos, com 804 registros, seguido pela Paraíba com 316, Bahia (180) e o Rio Grande do Norte. As mortes foram registradas no Rio Grande do Norte (7) e nos estados de Sergipe (4), Rio de Janeiro (2), Bahia (2), Maranhão (1), Ceará (1), Paraíba (1) e Piauí (1).

Em meio ao surto de casos, a Secretaria Estadual de Saúde Pública divulgou ontem (8), nota técnica orientando os profissionais que atuam na rede de atenção básica sobre o reforço nos cuidados com gestantes e o recém-nascido e chamando a atenção para a vigilância dos fatores de risco sanitários e associados à gravidez (veja ao lado).

A rede, observa o infectologista Kleber Luz, deve dispor de sistema de referência para as crianças que apresentam a doença com ultrassonografia e tomografia, além de exames complementares, genéticos para afastar outras causas de microcefalia. Para o tratamento em reabilitação, não há definição. O tratamento depende do grau de comprometimento das funções cerebrais.

O infectologista faz parte de um grupo de trabalho da UFRN que irá atuar em ações educativas sobre o combate ao vetor, a Zika e a mirocefalia. Ele lembra que, além da microcefalia, o vírus Zika pode causar outras más formações em membros superiores e inferiores e nos pulmões, associadas ou não ao quadro de microcefalia. “De forma ainda não explicada, crianças que nasceram de mães que tiveram Zika durante a gravidez apresentam múltiplas má formações e estão morrendo horas depois do parto aqui no Estado”, disse o médico.

Os bebês que nasceram com o o diâmetro da cabeça considerado normal, entre 33 e 37 centímetros, mas que as mães tiveram a doença durante a gravidez, precisam de acompanhamento com o neuro pediatra devido a possibilidade de apresentar desenvolvimento deficitário.

A nota técnica divulgada pela Sesap prevê 13 ações na área de atendimento materno-infantil e medidas emergenciais para intensificar as ações de combate ao mosquito nos municípios potiguares, com o reforçadas com limpeza pública, saneamento básico e mobilização social, como forma de eliminar criadouros.

O protocolo determina ainda que os casos suspeitos de microcefalia devem ser notificados imediatamente, por meio de formulário específico. Bem como a ocorrência de sífilis, toxoplasmose, HIV, dengue, chikungunya e zika ocorridos durante a gestação também serão alvos de notificação mais rigorosa.

O documento determina, entre outras ações, que Estado e Municípios garantam que os partos sejam realizados nas maternidades de referência para o baixo risco. E os casos de microcefalia identificados durante a gravidez ou ao nascimento do bebê serão encaminhados para o Departamento de Pediatria do Hospital Universitário Onofre Lopes.

Além de cuidados com acompanhamento de recém-nascidos em relação a vacinas obrigatórias e triagem neonatal (teste do pezinho, teste do olhinho e teste da orelhinha) que deverão prosseguir até os dois anos para avaliar o crescimento e desenvolvimento ideal dos bebês, sobretudo em relação ao perímetro cefálico neste período.

Sara Vasconcelos
Tribuna do Norte 


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