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EUA voltam a ser o principal foco da política comercial do Brasil

Aproximação comercial com os Estados Unidos. É este o tom do Plano Nacional de Exportações, que será lançado no próximo dia 23, pelo governo. Em participação no seminário “Brasil: Perfil de Competitividade”, organizado pela Fundação Getúlio Vargas na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, afirmou que a reorientação para o mercado americano tem sido uma prioridade da política comercial desde fevereiro. Monteiro espera que, em dois anos, haja resultados significativos.
No contexto de ajuste fiscal e necessidade de retomada do crescimento, o ministro defendeu a importância de reposicionar a política comercial brasileira. Monteiro reconheceu a importância da relação construída com o Mercosul nos últimos anos, mas defendeu que o bloco “não se constitua como uma trava” à inserção do Brasil em outros blocos econômicos. Em um movimento dissonante do caminho adotado pela política comercial brasileira nos últimos anos, o ex-presidente da CNI afirmou que o Ministério está dando “absoluta prioridade” ao mercado americano.
“No ano passado, por exemplo, o principal destino de manufaturados brasileiros foi os EUA. Há uma perspectiva de que o Brasil amplie sua corrente de comércio com os EUA. Estamos trabalhando em uma agenda que foca mais as questões de convergência regulatória do que propriamente essa visão das tarifas, porque, para bens industriais, as tarifas do mercado americano ainda são baixas. Nesse sentido, estamos com um grupo que, desde março, trabalha no âmbito da relação do Mdic com o Departamento de Comércio dos EUA nessa agenda, inclusive envolvendo o Inmetro do nosso lado e o órgão correspondente lá, exatamente para trabalharmos nessa linha”, detalhou.

Monteiro detalhou que as últimas pendências do Plano Nacional de Exportações são aquelas mais sensíveis às questões do ajuste e que dependem de aval de Joaquim Levy. O ministro garantiu que não está preocupado em fazer um anúncio de possíveis acordos na visita da presidenta Dilma Rousseff a Washington, no dia 30: “O importante é que os dois governos reafirmem uma visão de importância dessas áreas no plano das relações bilaterais. E esse sinal nós vamos ter de forma muito clara. Há outros temas que estão há mais tempo na agenda”.

Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro exaltou o anúncio. “O que nunca deveria ter acontecido é essa cooperação Sul-Sul. Se só o Nafta representa 17,8% das importações mundiais, por que vou selecionar dois mercados (América do Sul e África) que, juntos, não representam nem 7%? Em 2002, 22% do que o Brasil exportava ia para os EUA. No ano passado, o percentual caiu para 12%. Nossa pauta de exportação era de manufaturados, autopeças, calçados. Hoje, sumiu. É só petróleo, celulose, que, indiretamente, são commodities”, argumentou.

Monteiro explicou que a convergência regulatória está sendo conduzida setorialmente. Na indústria cerâmica, por exemplo, um acordo está próximo. As próximas áreas de interesse são os setores têxtil e de máquinas e equipamentos.

Brasil Econômico


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