BRASIL

“Existe inclinação particular da mídia em desconstruir a imagem do PT”

O cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia, Cloves Oliveira, conversou com a Revista NORDESTE sobre a opeação Lava-Jato e o momento delicado da política Brasileira. A matéria completa sobre a Lava-Jato, a atuação do juiz Sérgio Moro a frente da operação e os desdobramentos da condução coercitiva do ex-presidente Lula você encontra na próxima edição da Revista NORDESTE.

Por Pedro Callado

Revista NORDESTE: Que desdobramento traz a operação Lava Jato para a política?
Clóvis Oliveira:
 Na condição de cientista político não é possível emitir nenhum juizo sobre o desempenho da Justiça. Tal como a atuação do juiz Sérgio Moro, ou da Polícia Federal ou outros orgãos, isso cabe a representantes da OAB, Ministério Público. Eu me isento de qualquer comentário a esse respeito. Já no que se refere a desdobramento político, da operação Lava-Jato, um dos principais impactos diretos é sobre a imagem pública do PT, que deve sofrer bastante no que se refere a sua credibilidade e de seus membros e candidatos que irão representar essa legenda durante as eleições, porque vai parar sobre eles todas as críticas negativas de envolvimento com corrupção. Se a agenda da eleição de 2016, mesmo em esfera municipal, de alguma maneira trazer temas nacionais, temas ligados a corrupção, de maneira que envolva nomes e o próprio partido, isso com certeza deve contaminar a imagem do PT. Não vai passar impune, durante a corrida eleitoral essa avalanche de denuncias.

NORDESTE: Existe perseguição com o PT?
Oliveira:
 Não tenho elementos suficientes para avaliar se existe isso, não conheço os autos e os desdobramentos do que está sendo feito ao longo desse período. O que temos são manchetes da imprensa que enfatizam a ligação do PT com os escândalos, isso a gente pode dizer, existe, existe publicização orientada e que privilegia a desconstrução da imagem pública do PT em detrimento de outros atores politicos que porventura detem algum envolvimento com atos de corrupção. Não é surpresa e não tem sido pouco evidente a participação de grandes orgãos da imprensa, a Rede Globo, Folha de São Paulo, Revista Veja, esses grandes grupos orquestram um processo de desconstrção da imagem do PT e de suas lideranças chaves. Isso é algo, existe inclinação particular da grande mídia de desconstruir a imagem do PT e suas lideranças, mas em relação à Justiça, acho que poucos de nós temos elementos para afirmar categoricamente se existiria um viés em relação a condução do processo.

NORDESTE: Existe alinhamento da direita com a imprensa?
Oliveira:
 Tudo indica que sim, neste momento, o posicionamento da imprensa, é conhecido que dê destaque e exploram agenda negativa da conjuntura politica econômica brasileira. Neste sentido os principais alvos, tem sido o Governo, a presidente Dilma e as liderancas do PT, ao passo que tem sido pouco destacado a investigação e discussão dos partidos de oposição, como por exemplo o PSDB. Esse é o cenario, se houvesse um levantamento de volume de cobertura jornalística, poderiamos observar um comportamento desproporcional a cobertura de materiass que envolva de alguma maneira tema de corrupção ligado ao governo e ao PT.

NORDESTE: O PT terá dificuldades para tentar eleger um candidato em 2018?
Oliveira
: Isso é de fato. Primeiro o PT já vem a um longo período no governo, isso traz um certo desgaste da presença de um partido no Governo Federal, por quatro mandatos, e em escala municipal e estadual, alguns tem presença longeva do PT como o caso da Bahia, existe inconsistência da presença do PT a frente do poder local, como São Paulo e Salvador, que está afastado da cadeira do prefeito a um certo tempo. Então em linhas gerais, pelo fato de estar no poder em escala federal a muito tempo, a expectativa é que exista um desgaste da imagem do PT, mas em geral, como a eleição é um momento muito de incerteza e disputas acirradas pela hegemonia do poder, entre esquerda e direita, é esperado que existe uma disputa muito forte, na qual a conquista do poder local, deve ser o primeiro momento para disputa do poder em escala federal, que será em 2018 para presidente e governadores de estado.

NORDESTE: Os adversários deverão utilizar a Lava-Jato para atingir o PT?
Oliveira
: Os adversários usam todos os recursos disponíveis para desconstruir a imagem do governo e seus opositores, se a lava-jato está na ordem do dia, é mais esperado que usem e mobilizem discussões co-relacionadas aos temas da lava-jato, especialmente porque pode ser entendida como uma investigação muito extensa e aprofundada com relação a temas de corrupção no brasil, envolve gestores públicos, independente do cargo, ministros parlamentares, ex-presidente, empresários de corporações multinacionais, o que vemos é uma situação extraordinária na história brasileira de ser colocado para discubrir algo de punição penal e fiscal pela justiça brasileira desses personagens que até então não haviam tido algo de tamanho escrutine.

NORDESTE: Qual o peso da Lava-Jato para o voto do eleitor nas próximas eleições no país?
Oliveira
: o principal ponto é que a gente vive um momento extraordinário na história brasileira, como a caixa de pandora, não se sabe os desdobramentos que isso pode levar, trabalhando na linha de reflexão de impacto de escândalos politicos. Temos agora uma situação exemplar do que é um escândalo político e das consequêcias que isso pode gerar. A primeira consequêcia é a depreciação da imagem pública de lideranças políticas, além disso do desgaste e depreciação dos partidos políticos, e por fim é um cenário que está aberto, no qual vai caber a sociedade ponderar no peso que ele deve dar as denúncias que devem surgir ao longo do período eleitoral e preeleitoral, não sabemos quais são os critérios que o eleitor vai utilizar para avaliar. alguns podem avaliar que o peso da crise econômica, e de avaliação, muito ligado, a avalaição que o eleitor faz da qualidade de vida dele e de que maniera aquele governo protege e preserva sua qualidade de vida e, se ele avaliar que a vida dele está melhor, talvez esses escândalos possam ter fenômenos periféricos. É dificil avaliar sem primeiro ter dados da corrida eleitoral e o que vai pesar na agenda do eleitorado,


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