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Famílias atingidas por temporal em Recife precisam de ajuda

O temporal de segunda-feira (30) deixou Antônio, Renata, Patrícia, Josefa e outras centenas de moradores do Grande Recife apenas com a roupa do corpo. Surpreendidos com a casa alagada enquanto dormiam, só tiveram tempo salvar a pele. Cama, colchão, sofá, armário, eletrodomésticos e vestuário foram destruídos pela água. Passada a chuva, eles esperam contar com a ajuda da sociedade, para remontar suas casas.

“Fiquei sem nada, até o piso a água destruiu. Se acontecer outra inundação como aquela, minha casa vai desabar”, declara Renata Pereira da Rocha, 29 anos. Ela mora junto de um mangue, na II Etapa de Rio Doce, em Olinda, e desde segunda-feira (30) está abrigada na sede da Primeira Igreja Batista do bairro, acompanhada dos quatro filhos e de outras 15 famílias residentes na mesma região e que enfrentam igual situação.

Renata acordou com um dos filhos avisando do alagamento. “Pensava que era na rua, quando vi era dentro da casa. A água já batia na cintura. Nunca via nada parecido antes. Nas outras chuvas, só chegava até o joelho”, relata. Na manhã de ontem, ela esteve no lugar onde mora e constatou que não é possível retornar, ainda. “Continua alagada e com toda a sujeira que água trouxe”, diz.

A Prefeitura de Olinda contabiliza 159 pessoas acolhidas em três abrigos – Igreja Batista, Associação de Moradores de Cidade Tabajara e um prédio da Funeso, em Jardim Fragoso. “Recebemos 64 pessoas na igreja, segunda-feira, mas parte delas está limpando a casa hoje (terça-feira, 31), na perspectiva de um retorno”, diz o pastor Edvaldo Tavares. “Elas precisam muito de produtos de limpeza, água sanitária e cloro, para fazer esse serviço”, indica o pastor.

No mesmo abrigo, Patrícia Ferreira de Melo, 29, disse que as filhas, uma de 1 ano e 7 meses e outra de 2 anos e 10 meses necessitam de roupas. “Perdi muita coisa, mas as minhas filhas são prioridade”, diz ela. Patrícia mora em Rio Doce com o marido biscateiro e as crianças há quatro anos.

Em Paulista, as quatro escolas municipais que funcionaram como abrigo para 800 pessoas vítimas do temporal já estão liberadas e as aulas serão retomadas nesta quarta-feira (1), de acordo com a prefeitura. Antônio Marcos Rodrigues, 43, passou a noite na Escola Agamenon Magalhães, em Fragoso, na mesmo bairro onde mora. Ganhou colchão, cobertor, refeições e cesta básica, numa ajuda emergencial.

Na terça-feira (31), ele fez questão de procurar a diretoria da escola para agradecer pelo apoio. “Sai de casa com água na altura do pescoço, às 5h da manhã, fiquei na escola, recebi ajuda e tinha gente conversar com as famílias. Numa hora dessa é importante ter alguém para ouvir a gente”, comenta Antônio Marcos. Ele mora com a esposa num quarto, na casa da mãe dele, Josefa Simplício.

“Se me dessem uma cama de solteiro, seria muito bom. A gente teria onde dormir, porque o colchão eu já tenho”, afirma, mostrando os estragos na casa. A água derrubou tonéis, fez as bacias boiarem, invadiu pia, entrou no armário e molhou a feira. “A gente vai comer logo para não perder”, diz ele.

O secretário de Segurança Cidadã e Defesa Civil de Paulista, Manoel Alencar, disse que a cidade hoje tem 16 mil pontos de risco em morros e alagados. “Eliminamos nove mil, com obras de contenção de barreiras e limpeza nas áreas ribeirinhas, e pretendemos acabar com mais seis mil”, declara.

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