BRASIL

Feiras livres colaboram para segurar custo da cesta básica

Aracaju continua tendo a cesta básica mais barata entre as capitais do Brasil. Dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revelam que o valor da cesta básica registrado na capital sergipana foi R$ 239,72 em julho deste ano. Mas por que temos a cesta básica mais barata do país? A resposta está no número elevado de feiras livres existentes na cidade. É o que acredita o supervisor técnico do Dieese em Sergipe, o economista Luís Moura.

“A capital é bem servida de feiras livres, praticamente em todos os bairros têm uma. E elas – as feiras livres – acabam influenciando nos preços dos produtos da cesta básica e até dos praticados nos supermercados, que anunciam várias promoções ao longo da semana”, explica o economista. Segundo ele, grande parte dos produtos comercializados nas feiras livres de Aracaju vem de Estados próximos, a exemplo da Bahia e de Pernambuco, o que também influencia nos valores dos produtos da cesta básica.
Para Luís Moura, Aracaju vive uma situação favorável em relação a outras capitais do País. “Os preços nas feiras livres das grandes metrópoles brasileiras são bem mais caros do que os comercializados nas feiras livres da cidade”, diz. Ele acrescenta que há outros fatores que influenciam nos preços dos produtos agrícolas, a exemplo dos naturais, da safra e do abastecimento.

Comer fora
Enquanto Aracaju ostenta o título da capital com a cesta básica mais barata do país, sergipanos e turistas brasileiros consideram os preços dos restaurantes bem salgados. “Comer fora aqui tá mais caro do que em Salvador”, diz a baiana Alcione Marília. O pernambucano João Souza também ficou surpreso com os preços das comidas dos restaurantes de Aracaju.
“Disseram que os preços aqui não eram tão altos, mas discordo. A moqueca, por exemplo, achei mais cara do que em Salvador e Pernambuco”, ressalta ele. E a avaliação deles tem razão. Aracaju não está nos três primeiros lugares da lista de menor preço quando o assunto é comer fora de casa.
Segundo o empresário André Lameiro, vice-presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, seccional Sergipe (Abrasel/SE), vários fatores encarem os preços das comidas dos restaurantes, entre eles o valor cobrado do aluguel comercial. “Hoje o aluguel de ponto comercial em Aracaju é o segundo mais caro do Norte e Nordeste, só perde para Salvador”, enfatiza o vice-presidente da Abrasel em Sergipe.
A carga tributária também é alta no país e influencia nos preços cobrados pelos restaurantes brasileiros. “Nossa carga tributária é de 22%. A cada dez reais pagamos três reais só de imposto”, diz André Lameiro. Outro ponto que interfere – e muito – no preço final dos pratos está relacionado à mão-de-obra qualificada, que, segundo ele, não há no Estado, pelo menos quando se trata de garçom e cozinheiro. “Há restaurante aqui em Aracaju que tem 90% da mão-de-obra de fora. Quando há um bom profissional, nós temos que pagar mais para mantê-lo conosco”, conta.
André Lameiro esclarece ainda que o cálculo feito pelos empresários do setor não levam em conta os valores dos produtos contidos na cesta básica. “Restaurante não faz conta levando em consideração a cesta básica”, reitera. De acordo com ele, almoçar em um self service em Aracaju custa, em média, R$ 42. Esse valor pode ser maior ou menor, depende de onde o self service esteja instalado. “Se for em shopping center esse valor é maior, podendo chegar a R$ 50”.
Ele explica que há preços diferentes do prato feito, comida a quilo, prato executivo e o a la carte, a depender do restaurante e sua localização. Para ele, almoçar fora de casa pode sair mais barato. “Tem uma pesquisa que revela que para uma pessoa comer fora de casa fica 40% mais barato”, afirma André Lameiro. 

 

(Do Jornal da Cidade)


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