BRASIL

FHC compara movimento pró-Aécio com Diretas Já

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comparou a mobilização do PSDB ao movimento Diretas Já, que pedia o retorno das eleições diretas na década de 80, ao fim da ditadura militar. "Eu estou otimista. Fui ao Largo da Batata (onde apoiadores de Aécio Neves fizeram uma manifestação nesta semana), em São Paulo, e senti o mesmo ânimo cívico das Diretas Já. Gente na rua", disse FHC após votar no Colégio Sion, em Higienópolis, bairro nobre da capital paulista.

O ex-presidente rebateu críticas de que a manifestação tenha sido composta de estratos mais ricos da população. "É classe média? Na Diretas Já também era classe media. Classe média é povo também", ressaltando que 70% dos eleitores de Aécio ganha até três salários mínimos.

Em tom de brincadeira, o tucano disse que pediria direito de resposta em razão das críticas da campanha do PT ao seu governo. "Há 12 anos que deturpam o meu governo", afirmou o ex-presidente, argumentando que o Plano Real reduziu a pobreza em 30% e que os programas sociais expandidos pela gestão petista começaram com o governo tucano.

"Eu gasto três vezes mais. É engraçado porque eram 75 milhões (de brasileiros à época de FHC) e agora são 200 milhões. É tudo filho do Lula e da Dilma?

FHC também classificou o escândalo de desvios na Petrobras como mais grave que o Mensalão – esquema de compra de votos no Congresso durante o primeiro mandato de Lula. E disse, sem citar nomes, que membros do governo estão envolvidos – reportagem da revista "Veja" diz que o doleiro preso nas investigações, Alberto Youssef, afirmou que Lula e Dilma sabiam do desvio de recursos da estatal.

Leia mais: Lula pede tranquilidade e sugere que Youssef recebeu para "ferrar alguém"

"Muita gente está usando o poder para fins pessoais. Esse escândalo da Petrobras é visivelmente isso. É mais grave, ao meu ver, que o Mensalão. É mais vultoso e alcançando gente diretamente do governo, porque a Petrobras é do governo."

O tucano criticou a ocupação de cargos por indicados políticos com o intuito de desviar recursos para manter "uma máquina de poder". Questionado sobre o que acontecerá com o PSDB caso o Aécio seja derrotado nesta eleição, FHC disse que o partido sai bem: "Chegou até o fim com uma votação pondo em risco toda essa máquina poderosa que está montada. Continua sendo um partido vigoroso".

O ex-presidente disse, entretanto, que o partido tem que se renovar e, negando um convite a Marina Silva – terceira colocada no primeiro turno, e que ainda não conseguiu formalizar a sua legenda, a Rede Sustentabilidade – elogiou a ex-senadora.

"Acho que as ideias da Marina são bem-vindas. Que ideias? A questão da sustentabilidade, da educação e do comportamento correto. Da ética. Isso tem que ser incorporado. O PSDB também precisa participar desse movimento."

O tucano defendeu a realização de uma reforma política e afirmou que o sistema político do Brasil está falido: "Ninguém mais acredita nesse sistema porque ele não representa o povo". Para FHC, a campanha do PT copia um modelo de desconstrução do adversário que prega o ódio.

O tucano ainda atacou o presidente Lula acusando-o de desestimular a busca por educação. "São essas pequenas infâmias do Lula que estão desgastadas. Ele era maior do que ele é", disse o tucano, que foi aplaudido ao chegar ao colégio e ouviu gritos de "Volta, FHC", "Fora, Venezuela" e "Fora, Comunismo".


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