MARANHÃO

Flora maranhense ganha mapeamento na Universidade Estadual

Um extenso registro sobre a flora do Maranhão. Este é o acervo atual avaliado em mais de 5.500 plantas exsicatas (uma amostra de planta prensada e em seguida seca numa estufa) que compõem o Herbário Rosa Mochel, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), e estão à disposição de estudantes e pesquisadores.


O herbário ocupa uma estrutura de aproximadamente 100m², possui ainda uma xiloteca, espécie de arquivo de madeiras ou um local onde se guarda diversos tipos de madeira com informações relativas sobre sua estrutura anatômica, com 174 exemplares; uma carpoteca, armários fartos de frutos, com 35 exemplares; e uma palinoteca, coleção de lâminas de microscopia permanentes contendo grãos de pólen e esporos de samambaias.

O herbário possui a coleção biológica de toda a flora do Maranhão. As coleções representam, principalmente, a vegetação do estado: Floresta Amazônica; cerrado; matas ciliares, Chapada das Mesas, Região do Gurupi, e a vegetação litorânea da Ilha de São Luís. As amostras provêm, em sua maioria, do estado do Maranhão, com 77%, embora exista no acervo representação da flora de 15 estados do Brasil.

De acordo com a curadora e doutora Francisca Helena Muniz, o acervo botânico serve de base para pesquisadores de variados estados brasileiros, assim como estrangeiros, por estar disponível para consulta através do herbário virtual da flora e dos fungos da INCT, no qual o acesso está disponibilizado em nível global. Constantemente, o material é consultado para realização de trabalhos científicos, dissertações, teses e monografias. Os profissionais são de áreas de estudo como ciência da agronomia, ciências biológicas, química, farmácia, zootecnia, entre outras. “Todos nós envolvidos com esse trabalho realizamos a coleta, os professores da área, pesquisadores, estudantes e estagiários. A Uema, assim como o Fundo de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão, auxiliam e financiam o transporte e nossos projetos. Existe um processo de tratamento e armazenamento a partir desta coleta que realizamos. O objetivo é que o material no herbário dure centenas de anos. Por isso, se faz necessária uma manutenção diária que envolve desde a secagem, o prensado até o armazenamento destas espécies em local climatizado, para evitar umidade’’, contou a curadora Francisca Muniz.

Para a professora de botânica Ana Maria Maciel Leite, “o Maranhão ainda é pouco estudado, existem plantas que são novas para a ciência, porém desconhecidas no estado. A coleta visa ampliar essas possibilidades de áreas de distribuição da espécime”, explicou a também curadora do herbário.
Espécies de todo o estado catalogadas

Segundo as pesquisadoras, as coletas para o mapeamento das espécies são, principalmente, oriundas de todo o estado e em algumas regiões particulares específicas como a Floresta Amazônica; o cerrado; mata ciliar e vegetação litorânea pertencentes ao Maranhão.

Com foco no campo da pesquisa, o acervo mantém um levantamento florístico de plantas de toda região do estado. O material é considerado relevante para a identificação científica e veracidade das espécimes. A coleção predominante do acervo floral é o das angiospermas, produzem raiz, caule, folha, flor, semente e fruto com 177 famílias representadas. O acervo conta ainda com 50 exemplares de pteridófitas (samambaias, avencas, xaxins e cavalinhas), e 37 de briófitas, plantas pequenas, geralmente com alguns poucos centímetros de altura, que vivem preferencialmente em locais úmidos e sombreado, além de 24 algas macroscópicas e amostras líquidas de algas microscópicas.

“Hoje, além de fonte para pesquisadores de variadas áreas a coleção de nosso herbário gera conhecimento para muitos jovens estudantes e crianças com as quais fazemos um trabalho de educação ambiental e conscientização. Elas vêm à nossa sede para aprender sobre a nossa flora. Para isso, estamos sempre em parceria com as escolas. Essa flora imensa pertence a nós. Além de um prazer é nosso dever preservar e apresentar a uma futura geração despertando o interesse deles promovendo a continuidade a nosso trabalho’’, ressaltou a bióloga Francisca Muniz.

Segundo a pesquisadora, a importância de se manter um herbário é histórica e biogeográfica com foco na pesquisa de áreas que hoje nem existem mais, mas nós possuímos o registro. Já para os taxonomistas, é importante para ciência como já aconteceu por muitas vezes com matérias de herbários. Isso é de grande responsabilidade.

Atualmente, o acervo herbário está em fase de transição. Cerca de 80% das fotografias já foram informatizadas e estão disponível on-line, além de digitalizado e registrado no Index Herbariorum, através do Sistema Brasileiro de Informação sobre Biodiversidade, uma iniciativa que agrega as informações do estado do Maranhão a uma rede nacional e global.
Iniciativa

O herbário Rosa Mochel foi instalado no prédio da Uema em 1988. Fundado pelo professor Varbic Estevão Ker, na época, reitor da Uema. O professor criou o curso de Ciências Biológicas no Maranhão. A primeira planta a ser coletada foi a mimosa pudica conhecida popularmente como (dorme- dorme ou sensitiva), uma exsicata coletada no ano de 1987.

Ao longo dos anos, o acervo cresceu consideravelmente.

O Imparcial 


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