PERNAMBUCO

Foto em 3D poderá facilitar diagnóstico de microcefalia

As cabeças de bebês com síndrome congênita do zika serão estudadas a partir de fotografias em três dimensões. Pernambuco é um dos três estados brasileiros integrantes de um projeto conduzido por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, para captar imagens 3D das crianças e analisá-las em computador. A partir dessas informações, será formatado um padrão internacional de diagnóstico. Uma equipe de ingleses passou três dias no Recife, nesta semana, para coletar imagens e capacitar fotógrafos e pesquisadores.

As fotos são realizadas a partir de uma câmera cujo valor aproximado é de R$ 100 mil. Dois equipamentos foram doados ao Brasil pela CamField, um deles para a equipe de estudos sobre a síndrome do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães. O outro está à disposição de estudiosos do Rio Grande do Sul. Durante o treinamento, foram ensinadas técnicas para a coleta correta das imagens a serem realizadas nos próximos cinco meses pela Fundação Altino Ventura, UFPE, UPE outras instituições.

As imagens oferecem uma forma mais precisa de análise dos crânios, pois permitem perceber detalhes do formato indetectáveis a olho nu. Com isso, o diagnóstico vai além do perímetro cefálico e a identificação de possíveis consequências da malformação são mais precocemente percebidas.

“A circunferência da cabeça é importante, mas a forma também. As imagens permitem avaliar a forma sagital e horizontal da cabeça, assim como a forma da face. Conhecer esses detalhes é importante para comparar até com o diagnóstico intraútero, quando as mães fizeram ultrassom neonatal”, explicou o professor da Universidade de Oxford Peter Hammond, que está no Recife. “Será possível monitorar o desenvolvimento da criança e ajudar outras e médicos a diagnosticar”, acrescentou a presidente da FAV, Liana Ventura.

Até o momento, a microcefalia é caracterizada a partir da medição do perímetro cefálico da criança ao nascer. O Ministério da Saúde segue padrão da Organização Mundial de Saúde (OMS), que estabelece a medida igual ou inferior a 31,9 centímetros para meninos e igual ou inferior a 31,5 para meninas. As imagens em 3D serão enviadas para um sistema de banco de dados, em desenvolvimento por pesquisadores do Instituto Nacional de Genética Médica Populacional (Inagemp), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

O sistema reconstroi a informação em 3D e, em um segundo momento, os médicos podem manipular e visualizar a cabeça de vários ângulos sem necessidade de ter o bebê junto. No decorrer do projeto, essas imagems podem ser compartilhadas e discutidas estando em lugares diferentes. “Poderemos comparar ao longo do tempo, o volume, a evolução da criança, se o crânio está crescendo e comparar com crianças sem a malformação”, explicou o professor integrante da Inagemp, da UFRGS e da Unisinos Luiz Gonzaga. O sistema de banco de dados estará pronto até o fim deste ano.

Diário de Pernambuco


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