BRASIL

Gol e Azul fazem corte drástico em oferta de voos; ações disparam

A companhias aéreas Gol e Azul anunciaram hoje (24) novas medidas para fazer frente à queda na demanda de passageiros em razão da pandemia de covid-19, com drástico corte na oferta de voos, o que respaldava forte valorização de suas ações em sessão mais positiva nos mercados no Brasil e no exterior.

A Gol anunciou que reduziu a oferta de voos em aproximadamente 92% no mercado doméstico e que vai parar de operar nos mercados internacionais entre o período de 28 de março a 3 de maio, com suspensão de todas as operações regionais e internacionais regulares.

“Enquanto os brasileiros adotarem um comportamento responsável de isolamento social e evitarem viagens, a Gol manterá uma malha essencial de 50 voos diários entre o Aeroporto Internacional de São Paulo em Guarulhos e as demais 26 capitais”, afirmou a companhia em fato relevante.

Segundo a Gol, a oferta de serviços será ajustada conforme a demanda específica dessas capitais e voos extras ocorrerão de acordo com a necessidade para destinos regionais e internacionais. O tempo limite das conexões será flexibilizado para assegurar a interligação entre capitais em até 24 horas.

Na mesma direção, a Azul comunicou que entre 25 de março e 30 de abril espera operar 70 voos diretos por dia, para 25 cidades, o que representa uma redução de 90% de sua capacidade total.

“As medidas de contenção e quarentena que estão sendo implementadas em todo o país estão limitando significativamente a mobilidade de nossos clientes, tripulantes e parceiros, o que torna inviável a operação de várias rotas que servimos”, disse a Azul.

Por volta das 12h50, os papéis preferenciais da Gol subiam 16,88% e as ações preferenciais da Azul tinham valorização de 17,93%, entre as maiores altas do Ibovespa, que subia 11%. Na máxima da sessão, chegaram a avançar 24,10% e 23,67%. Até a véspera, acumulavam quedas de 82% e 75,5% em 2020.

O setor aéreo no mundo todo vem sofrendo mais recentemente em razão da série de medidas de restrição de circulação de pessoas decorrente da rápida disseminação do novo coronavírus.

Mais cedo, o chefe da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) alertou que as companhias aéreas de todo o mundo estão em situação de emergência e os pacotes de resgate de governos são necessários o mais rápido possível para evitar o colapso de várias empresas.

No Brasil, o setor é ainda afetado pelo comportamento da taxa de câmbio, com o dólar mostrando forte valorização em relação ao real neste ano. Nesta sessão, porém, o dólar cedia 1,25%, a R$ 5,0743 na venda.

Em carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro, oito entidades da indústria nacional de turismo afirmam que as taxas de cancelamento de viagens já ultrapassam 85% no mês de março. Um ano antes, o setor havia obtido faturamento de R$ 19,2 bilhões em março.

“Os impactos são reais, incontestáveis e tristes, dificultando qualquer visão de sustentabilidade dos negócios, haja vista a imprevisibilidade de novos faturamentos”, afirmam as entidades, incluindo a Associação Brasileira de Agências de Viagens e a Associação Brasileira das operadoras de turismo.

As entidades criticaram na carta a Medida Provisória 927, publicada nesta semana e que teve trecho revogado por Bolsonaro, que entre outras ações permitia suspensão de contratos de trabalho por 4 meses sem obrigação de pagamento de salário.

“As MPs anunciadas até o momento pelo governo brasileiro, sobretudo as trabalhistas, não representam nenhuma solução para o setor… De que adianta diminuir jornadas de trabalho ou salários, ou autorizar o teletrabalho se parques e hotéis já estão fechados?”, questionam as entidades.

“Os setores…reafirmam: as empresas não suportam este impacto financeiro, não é prejuízo, é falência iminente e supressão imediata dos empregos”, acrescentam as entidades, afirmando que o setor de turismo tem mais de 1 milhão de trabalhadores diretos e indiretos.


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