BRASIL

Governo faz apelo a Renan e envia projeto para substituir MP da desoneração

Diante da notícia de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu devolver a medida provisória sobre a desoneração da folha, o governo decidiu apresentar um projeto de lei com urgência constitucional nos mesmos termos. O novo texto retoma os pontos da MP 669/2015 alterando as alíquotas de

Mesmo com o plano B engatilhado, o Planalto mobilizou líderes governistas para tentar amansar a relação com o peemedebista e demovê-lo da decisão. Embora a recusa de Renan ao convite para o jantar de segunda-feira (2) com a presidente Dilma Rousseff já tivesse acendido o sinal amarelo no governo, o Planalto não esperava que uma nova ação viesse tão rápido, ainda mais na forma de devolução de uma MP, considerada um gesto hostil do Legislativo em relação ao Executivo.

Renan, entretanto, foi ao plenário para dizer que procurou o governo para sugerir a substituição do texto. Disse ainda que chegou a conversar com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para avisar sobre a devolução antes de anunciar sua decisão. “Democracia tem que ter todos os poderes fazendo as duas partes”, disse Renan, ao presidir a sessão do Senado. “Foi exatamente o que eu fiz”, emendou, insinuando que o governo, apesar dos avisos, teimou em forçar a medida. “O ajuste é delicado. Fazer um ajuste aumentando o desemprego, onerando a produção, é muito ruim. Isto é um péssimo sinal para nosso país”, criticou Renan.

A avaliação do Planalto é que tanto a recusa ao convite do jantar quanto o anúncio sobre a medida provisória refletem a preocupação de Renan em perder poder junto ao governo, principalmente considerando a expectativa de que seu nome seja incluído na lista de políticos investigados nas denúncias da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Entre os pesos colocados na balança do presidente do Senado estariam, por exemplo, o comando da Transpetro e do Ministério do Turismo.

A devolução da medida provisória pelo presidente do Senado está longe de ser usual. A última vez que isso ocorreu foi em 2008, no governo Lula, quando o também peemedebista Garibaldi Alves (RN) devolveu a MP das Filantrópicas.

Acenos – Enquanto o Planalto preparava o anúncio da edição do novo projeto de lei, líderes governistas puxavam no Congresso o coro pedindo que Renan reconsiderasse a decisão. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (CE), lembrou que a recondução do peemedebista ao cargo de presidente do Senado ocorreu com o apoio do governo.

“Ao longo desse período, o senhor (Renan) ofereceu um disciplinamento importante e esta foi uma das razões pelas quais muitos de nos apoiamos sua eleição à presidência”, disse Costa, enfatizando procedimentos adotados por Renan em relação a prazos de votação de medidas provisórias e apreciação de vetos da presidente Dilma Rousseff. “Os elogios que estou fazendo não são de ocasião”, disse Costa.

Ele lembrou que as dificuldades políticas enfrentadas atualmente são de todos os políticos – uma referência ao esquema de desvios desvendados na Petrobras. “A questão é política. Vivemos uma dificuldade geral. Há uma dificuldade na política, há uma dificuldade na economia”, emendou.


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