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Hamas rejeita cessar-fogo unilateral; Israel promete manter ofensiva

O principal líder do Hamas na Faixa de Gaza sinalizou nesta segunda-feira (21) que o grupo militante islâmico não vai concordar com um cessar-fogo unilateral com Israel. Enquanto isso, o ministro da Defesa de Israel comprometeu-se a continuar lutando "enquanto for necessário" – levantando nova dúvida sobre possível mediação.

O chefe da ONU, Ban Ki-moon, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, seguiram para o Cairo nesta segunda para tentar acabar com o conflito mais letal entre Israel e o Hamas em Gaza em pouco mais de cinco anos.

Enquanto isso, os conflitos continuam inabaláveis, com ataques israelenses deixando famílias inteiras soterradas sob escombros e militantes do Hamas militantes disparando mais de 50 foguetes e tentando esgueirar-se até Israel através de dois túneis.

Somente nesta segunda-feira o número de palestinos mortos ultrapassou 100, empurrando o total de vítimas fatais desde o dia 8 de julho para ao menos 566, de acordo com autoridades palestinas, acrescentando que aproximadamente 3.350 foram feridos.

Sete soldados israelenses também foram mortos nesta segunda em confrontos com militantes palestinos, informou o Exército israelense. Isso elevou o número total de mortos de Israel a 27, incluindo dois civis. Os militares israelenses informaram que quatro soldados foram mortos em uma troca de tiros com combatentes do Hamas que tentavam passar por um túnel e que os outros três foram mortos em batalhas em Gaza.

EUA

Nesta segunda, o presidente Barack Obama reafirmou acreditar que Israel tem o direito de se defender contra os foguetes lançados pelo Hamas contra seu território. No entanto, ele afirmou que a ação militar em Gaza já fez "dano significativo" para a infra-estrutura terrorista do Hamas e disse que não quer ver mais civis sendo mortos.

Aviões de combate israelenses atingiram casas e arranha-céus em Gaza deixando dois ou mais membros de uma única família sob os escombros, disse Ashraf al-Kidra, um oficial de saúde palestino. Ao menos 11 morreram e 30 ficaram feridos após ataque aéreo a um prédio da Faixa de Gaza com 40 apartamentos, disseram autoridades.

"Isso não mostra a crueldade de Israel?", disse um dos membros da família, Sabri Abu Jamea. "Nós somos os mentirosos? As provas estão aqui nas geladeiras do necrotério. As provas estão nos frigoríficos." 

Projéteis de tanque israelense também atingiram o hospital Al Aqsa na cidade de Deir el-Balah matando ao menos cinco e ferindo cerca de 70, disse al-Kidra. Segundo o médico Fayez Zidane, o terceiro e quarto andares e a recepção foram danificados. Por causa disso, os pacientes foram levados para andares inferiores.

“As baixas entre civis são tragicamente inevitáveis devido a exploração brutal e sistemática de casas, hospitais e mesquitas em Gaza”, disse o Exército israelense.

Os militares têm dito com frequência que faz grandes esforços para minimizar as baixas entre civis, mas que o Hamas coloca os habitantes de Gaza em perigo ao esconder armas e combatentes em áreas residenciais.

Durante confrontos, o exército israelense afirmou que dez militantes infiltrados do Hamas foram mortos ao tentar atravessar um túnel depois de serem interceptados e alvejados por aviões israelenses.

O Hamas também disparou mais de 50 foguetes contra Israel, incluindo dois em Tel Aviv, sem causar ferimentos ou danos. Desde o início da operação israelense, o Hamas disparou quase 2 mil foguetes contra Israel.

O ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon disse que a operação militar em Gaza não tem limite de tempo.

"Se necessário, vamos recrutar mais reservistas a fim de continuar a operação durante o tempo necessário até concluir a tarefa e conquistar a calma em todo o território de Israel, especialmente a partir da Faixa de Gaza", disse Yaalon a uma comissão parlamentar.

Israel aceitou um apelo egípcio de cessar-fogo unilateral na semana passada, mas retomou a operação militar depois que o Hamas rejeitou a proposta. O grupo islâmico diz que quer garantias de que Israel e Egito irão facilitar o bloqueio às fronteiras de Gaza antes de aceitar o plano de paz.

smail Haniyeh, líder do Hamas em Gaza, assinalou nesta segunda que o grupo está aderindo a sua posição. Ele disse que o objetivo da batalha é quebrar o bloqueio de sete anos ao território palestino, que foi imposto por Israel e Egito depois que o Hamas invadiu Gaza em 2007. Durante o ano passado, o Egito reforçou ainda mais as restrições, levando o Hamas a uma profunda crise financeira.

Haniyeh disse em um discurso transmitido pela televisão que "nós não podemos voltar atrás, não podemos voltar para a morte silenciosa" do bloqueio. Ele afirmou que todos os 1,7 milhão de moradores de Gaza compartilham essa demanda.

"Gaza decidiu pôr fim ao bloqueio através do seu sangue e de sua coragem", disse ele.

Kerry deixou Washington nesta segunda em direção ao Cairo onde pretende unir esforços diplomáticos para retomar a trégua que havia sido acordada em novembro de 2012. Ele deve exortar ao Hamas que aceite o plano de cessar-fogo fomentado pelo Egito.

O plano de cessar-fogo do Cairo é apoiado pelos EUA e Israel. Mas o Hamas rejeitou o plano egípcio e está contando com os governos da Turquia e Catar para uma proposta alternativa. Qatar e Turquia têm ligações com a Irmandade Muçulmana, que também está ligada ao Hamas, mas foi banida no Egito.

Israel invadiu Gaza na semana passada, precedida por uma campanha aérea de dez dias. Os ataques aéreos e de artilharia têm como alvo áreas de fronteira da Faixa de Gaza, em uma tentativa de destruir túneis e lançadores de foguetes.

 

(Do iG)


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