BRASIL

Integrante do Conselho de Ética pede para não analisar processo contra Geddel

Um dos integrantes do Conselho de Ética da Presidência da República, o conselheiro José Saraiva pediu para não participar da análise do processo contra o ministro Geddel Vieira Lima, chefe da Secretaria de Governo de Temer.

O ministro Geddel é acusado de quebrar a legislação sobre conflito de interesses ao pressionar o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a liberar uma obra que o beneficiaria, em Salvador.

Em ofício entregue nesta quarta-feira (23) ao presidente do Conselho de Ética, Mauro Menezes, José Saraiva justificou seu pedido alegando "suspeição por fatos supervenientes". A decisão se dá após reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" revelar que Saraiva é advogado de uma associação que representa, entre outras empresas, a construtora responsável pela já mencionada obra na capital baiana (leia mais abaixo).

"Este conselheiro vem requerer […] meu afastamento da apreciação da matéria devido à suspeição de fatos supervenientes, consistentes nos questionamentos divulgados em veículos de comunicação a respeito da minha isenção para atuar na questão", escreveu o conselheiro.

Saraiva havia, na segunda-feira (21), pedido vistas durante a votação sobre a abertura de uma sindicância contra Geddel, mesmo após cinco dos sete conselheiros já ter votado a favor da investigação. O pedido de vistas adiaria o início do processo para o dia 14 de dezembro, mas, horas depois, Saraiva voltou atrás e também apoiou o início do processo contra o articulador político de Michel Temer.

Ligação entre Geddel e Saraiva

De acordo com reportagem da "Folha de S.Paulo", José Saraiva é advogado da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) da Bahia, entidade que representa construtoras daquele estado. Entre o ról de filiadas à Ademi está a empresa Cosbat, dona do empreendimento imobiliário que Geddel teria tentado liberar junto ao ex-ministro da Cultura.

Após pedir exoneração de seu cargo no MinC, Marcelo Calero acusou o ministro da Secretaria de Governo de tê-lo pressionado para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – órgão ligado ao MinC – aprovasse o projeto imobiliário da Cosbat, no qual ele próprio tem um apartamento comprado.

Ainda segundo a "Folha", Saraiva foi indicado para assumir uma cadeira na Comissão de Ética da Presidência com o apoio do próprio Geddel em setembro, já durante o governo de Michel Temer.

Geddel tem dez dias para se manifestar sobre as acusações e, a depender de outras informações que serão solicitadas, a Comissão de Ética já poderá responder sobre o caso na próxima reunião, marcada para 14 de dezembro.

iG


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