Por Pedro Callado
Em 15 de dezembro a Polícia Federal iniciou a 22ª fase da Operação Lava-Jato, cumprindo 53 mandados de busca e apreensão em 7 estados e no Distrito Federal. A ação foi denominada de Catilinárias, nome dado ao discurso do cônsul romano Cícero contra o senador Catilina, que planejava derrubar o governo e tomar o poder. Um dos alvos desta ação é o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Ironicamente, o peemedebista foi a primeira grande notícia de 2015 relacionada a Lava-jato. O deputado, que na ocasião articulava para se eleger presidente da Câmara, foi apontado pelo ex-policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho como beneficiário do esquema de corrupção da Petrobras. Claro que o deputado negou tudo.
A Operação Lava-Jato, comandada pelo Juiz Federal Sérgio Moro, foi deflagrada em março de 2014, quando o doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar o esquema, e mais 16 foram presos pela PF. Ao longo daquele ano foram presos também, de forma preventiva, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque. O lobista Fernando Baiano, acusado de ser o operador do esquema, se entregou na sede da PF. Já em 2015 foi preso mais um ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.
Este é um ponto controverso em relação à operação. Há quem diga que Moro tem uma conduta excessiva e seletiva no comando da Lava-Jato e que este seria um comportamento que não está de acordo com o Código de Ética da Magistratura. As maiores críticas contra o juiz são por conta do grande número de prisões preventivas e da insistência em fazer acordos para obter delações premiadas. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, por exemplo, considera que as prisões preventivas são um atentado aos direitos da Constituição e cobrem de vergonha a sociedade civilizada.
Por outro lado, o colega de Zavascki, ministro Marco Aurélio Mello, pensa diferente. Para ele, os “excessos” do Juiz Moro são necessários para que o país possa ter melhores dias. “Mil vezes ter-se até mesmo o excesso do que a apatia”.
UMA MEDIDA PARA TODOS
Em janeiro, a presidente da Petrobras, Graça Foster, apresentou cálculo de prejuízo de R$ 86 bilhões com a corrupção. Após uma semana, Foster e mais cinco renunciaram aos cargos.
Em um ano de operação, ainda não haviam condenados. Moro continuou com prisões preventivas, incluindo sócios e donos de grandes empreiteiras, como Marcelo Odebrecht e Otávio de Azevedo (Andrade Gutierrez). Em julho a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do senador Fernando Collor, levando três carros de luxo na ação: uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini.
As investigações apontam que o ex-presidente recebeu R$ 26 milhões em propinas. Em setembro, a PF, pediu autorização do STF para interrogar o ex-presidente Lula. Na justificativa, alegou que Lula, “na condição de mandatário do país, pode ter se beneficiado pelo esquema na Petrobras”. Lula foi ouvido como informante em dezembro, não existe investigação contra o ex-presidente.
Os últimos a serem presos foram o ex-líder do governo no senado Delcídio do Amaral (PT, ex-PSDB) e seu assessor, além do banqueiro André Esteves. Já foi recuperado R$ 2,4 bilhões para a União e 63 pessoas foram condenadas pela Justiça, incluindo políticos, empresários, ex-diretores da Petrobras e laranjas. 54 políticos, estão sendo investigados. Desses 54, 32 são partidários do PP, outros 10 são filiados ao PMDB e 8 são petistas. Outros três investigados são do PSDB, PSB e PTB e mais um é sem partido.
Condenados na Lava Jato
Agenor Franklin Magalhães Medeiros
diretor-presidente da Área Internacional da OAS
Alberto Youssef
doleiro e operador do esquema de corrupção
Carlos Alberto Pereira da Costa
laranja de Youssef em empresas de fachada
Carlos Habib Chater
dono do Posto da Torre, em Brasília
Cleverson Coleho de Oliveira
motorista da doleira Nelma Kodama
Dalton dos Santos Avancini
ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
Ediel Viana da Silva
funcionário do Posto da Torre
Eduardo Hermelino Leite
ex-vice presidente da Camargo Côrrea
Esdra de Arantes Ferreira
sócio e diretor do laboratório-fantasma Labogen
Faiçal Mohamed Nacirdine
empresário que atuava com a doleira Nelma Kodama
Fernando Antônio Falcão Soares
lobista conhecido como Fernando Baiano
Fernando Augusto Stremel Andrade
funcionário da OAS
Iara Galdino da Silva
doleira
Jayme Alaves de Oliveira Filho
agente da Polícia Federal
João Ricardo Auler
ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Côrrea
José Aldemário Pinheiro Filho
presidente da OAS
José Ricardo Nogueira Breghirolli
apontado como contrato de Youssef com a OAS
Juliana Cordeiro de Moura
laranja de empresas que atuava com a doleira Iara Galdino
Júlio Gerin de Almeida Camargo
ex-consultor da Toyo Setal
Leandro Meirelles
laranja de Youssef no laboratório-fantasma Labogen
Leonardo Meirelles
laranja de Youssef no laboratório-fantasma Labogen
Lucas Pace Júnior
responsável por remessas fradulentas ligadas à doleira Nelma Kodama
Marcio Andrade Bonilho
sócio e administrador da importadora Sanko-Sider
Maria Dirce Penasso
mãe de Nelma Kodama e laranja em empresas de fachada
Mateus Coutinho de Sá Oliveira
ex-funcionária da OAS
Nelma Mitsue Penasso Kodama
doleira
Nestor Cunat Cerveró
ex-diretor da Área Internacional da Petrobras
Paulo Roberto Costa
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Pedro Argese Júnior
sócio da atacadista de medicamentos Piroquimica
Renê Luiz Pereira
traficante de drogas, ligado a Youssef
Rinaldo Gonçalves de Carvalho
ex-gerente-assistente do Banco do Brasil
Waldomiro Oliveira
laranja de Youssef em empresas de fachada
Renato de Souza Duque
ex-diretor de Serviços da Petrobras
João Vaccari Neto
ex-tesoureiro do PT
Augusto Ribeiro de Mendonça Neto
ex-executivo da construtora Toyo Setal
Adir Assid
empresário paulista que promove shows e eventos
Dario Teixeira Alves Júnior
laranja de empresa de fachada
Sonia Mariza Branco
laranja do operador Adir Assid
Pedro José Barusco Filho
ex-gerente-executivo de Serviços e Engenharia da Petrobras
Mario Frederico Mendonça Goes
operador do esquema e lobista
André Luiz Vargas Ilário
ex-deputado federal pelo PT
Leon Denis Vargas Ilário
irmão do ex-deputado André Vargas
Ricardo Hoffmann
publicitário e diretor da filial de Brasília
André Catão de Miranda
funcionário do Posto da Torre, do doleiro Carlos Habib Chater
Fábio Correa
filho do ex-deputado Pedro Corrêa
Márcia Danzi Russo Correa de Oliveira
nora do ex-deputado Pedro Corrêa
Pedro Corrêa
ex-deputado federal pelo PP
Ivan Vernon Gomes Torres Júnior
ex-funcionário do ex-deputado Pedro Corrêa
Rafael ngulo Lopez
braço direito do doleiro Alberto Youssef
ngelo Alves Mendes
vice-presidente da Mendes Júnior
José Humberto Cruviniel Resende
engenheiro da Mendes Júnior
Rogério Cunha de Oliveira
diretor da área de Óleo e Gás da Mendes Júnior
Alberto Elísio Volaça Gomes
representante da Mendes Júnior
Sergio Cunha Mendes
diretor vice-presidente executivo da Mendes Júnior
Mário Lúcio de Oliveira
diretor de uma agência de viagens que atuava na empresa GFD
Enivaldo Quadrado
ex-dono da corretora Bônus Banval, que atuava na área financeira da GFD
João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado
executivo em empresa de Youssef
Antonio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini
advogado acusado de receber propina e ocultar bens de Youssef
Luiz Argôlo
ex-deputado federal pelo SD
Erton Medeiros Fonseca
executivo da Galvão Engenharia
Jean Alberto Luscher Castro
executivo da Galvão Engenharia
Dario de Queiroz Galvão
ex-presidente da Galvão Engenharia
Gerson de Mello Almada
ex-vice-presidente da empreiteira Engevix
POLÍTICOS INVESTIGADOS
ANIBAL GOMES
deputado federal PMDB – CE
ROSEANA SARNEY
ex-governadora PMDB – MA
EDUARDO CUNHA
presidente da Câmara PMDB – RJ
RENAN CALHEIROS
presidente do Senado PMDB – AL
VALDIR RAUPP
senador PMDB – RO
ROMERO JUCÁ
senador PMDB – RR
EDISON LOBÃO
senador e ex-ministro da Energia PMDB – M
LUIZ FERNANDO PEZÃO
governador PMDB – RJ
SÉRGIO CABRAL
ex-governador PMDB – RJ
REGIS FICHTNER
ex-chefe da Casa Civil do RJ PMDB – RJ
ARTHUR LIRA
deputado federal PP – AL
ROBERTO BRITTO
deputado federal PP – BA
SANDES JÚNIOR
deputado federal PP – GO
AGUINALDO RIBEIRO
deputado federal PP – PB
LUIZ ARGÔLO
ex-deputado do PP, hoje no SD PP – BA
PEDRO CÔRREA
ex-deputado PP – PE
MÁRIO NEGROMONTE
ex-ministro das Cidades PP – BA
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