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Lixo toma conta do Canal do Arruda em Recife

Sofá, cômoda, telhas, madeiras, metralhas, lixo orgânico, recicláveis, cavalos pastando, lenha para vender, mesa, varais de roupa e até um banheiro improvisado. Tem de tudo às margens do Canal do Arruda, na Zona Norte do Recife, menos as cinco áreas de lazer e esporte, ciclovia, pista de cooper, quiosques e calçadas anunciados pela prefeitura em 2013.

A sensação de abandono é compartilhada por quem passa na área e os que moram lá. “A gente não tem nada aqui, só sofrimento. E promessas”, desabafa o aposentado Miguel Teodoro, 70 anos, morador da Avenida Professor José dos Anjos desde os 10 anos de idade. “Toda hora tem engenheiro medindo o canal e nada muda. O que já caiu de carro, moto e até gente aí dentro… Agora, a imundície não é culpa só da prefeitura, é de todos nós. Tem hora que o caminhão de lixo acaba de passar e o povo joga de novo. Deviam multar quem faz essa sujeira”.

Apesar da longa espera por melhorias, Miguel ainda acredita que ela virá. “Tem um homem grande lá em cima”, diz, apontando para o céu. Morador da mesma rua, Rubens Simões, 28, perdeu a esperança mais cedo. Não crê que a requalificação se concretize. Mas já ficaria feliz se o local fosse limpo. “A população é responsável por 70% dessa sujeira, 30% é a prefeitura que passa e não recolhe tudo. Só melhora dia de clássico no estádio do Santa Cruz. Acho que precisam fiscalizar mais e falar menos”.

As crianças cobram áreas de lazer, contam que muitas ainda mergulham no canal, para se divertir ou para catar garrafa pet e latinhas recicláveis para vender. Carroceiros separam o lixo no local e deixam por lá o que não querem. Detalhe: na avenida funciona um galpão público de reciclagem desde julho do ano passado.

Recuperação

A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa que já iniciou o trabalho de recuperação das paredes do canal e também da rede de drenagem em sete trechos, entre as Ruas Petronila Botelho e Farias Neves, devendo concluir o serviço em seis meses. O investimento é de aproximadamente R$650 mil. “E ainda este ano o prefeito vai anunciar uma ação maior naquela área, coordenada pela Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc), com apoio de várias secretarias”, adianta o secretário de Infraestrutura e Habitação e presidente da Emlurb, Roberto Gusmão.

Segundo o gestor, uma das questões a serem tratadas é o lixo jogado por catadores informais à margem do canal. “O galpão público fica a 200 metros, o problema é que existe o interesse de intermediários que não querem sair do negócio”, comenta. Com relação à aplicação de multas, Gusmão alega que nem sempre é possível identificar quem joga os resíduos, por isso a multa nem sempre é solução.

“Vamos reforçar a fiscalização na área e fazer uma ação educativa e ambiental. Agora, nada vai adiantar se a população não se conscientizar. Metralhas e móveis devem ser levados para o Econúcleo, junto ao galpão”, registra.

Sem previsão

A Emlurb informa que faz coleta diária do lixo domiciliar e chega a recolher três vezes na semana entulhos e móveis. Já a Secretaria de Mobilidade diz que todos os dias a fiscalização apreende um banheiro montado com madeira e lona à margem do canal, mas moradores montam outro.

A Autarquia de Urbanização do Recife (URB) afirma que não há previsão para retomar o projeto de requalificação, paralisado em 2014, retomado em 2015 e paralisado novamente. Dos R$ 83 milhões previstos, R$ 9 milhões foram gastos.

JC Online


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