CEARÁ

Mais da metade da população de Fortaleza está com sobrepeso

Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde ontem aponta que mais da metade da população de Fortaleza apresenta excesso de peso. O levantamento é feito pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) e traz o panorama de hábitos da população na última década.

O percentual de pessoas com excesso de peso no País cresceu 26,3% desde 2006, passando de 42,6% em 2006 para 53,8% no ano passado, segundo a pesquisa. No ranking, Fortaleza (56,5%) está acima da média do Brasil. Além disso, a obesidade no País também apresentou aumento de 60% em 11 anos, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016.

Apesar dos índices preocupantes, o levantamento mostra também adoção de hábitos saudáveis. A prática de atividade física no tempo livre, por exemplo, saltou de 30,3%, em 2009, para 37,6% no ano passado. O consumo regular de frutas e hortaliças também aumentou. Já o de refrigerantes e sucos artificiais caiu.

Mudança de hábitos

“Eu já pesei quase 150 quilos. Foi quando comecei a ter complicações com a obesidade mórbida, como hipertensão e falta de ar, e passei a mudar meus hábitos”, conta o coaching Fernando Cavalcanti, 36. Desde 2010, ele iniciou a prática de exercícios físicos e perda de peso. Mas a falta de acompanhamento profissional fez com que, em 2013, após perder quase 50 quilos, ele retornasse ao peso inicial. “Aí eu resolvi fazer tudo certinho com acompanhamento de nutricionista, de fisioterapeuta, e perdi 57 quilos. Ganhei outra qualidade de vida”, conta.
Hoje, Fernando corre meias maratonas e segue caminho no triatletismo. A reeducação alimentar e os hábitos saudáveis foram adotados por toda a família. “Consumíamos muita massa, fritura, refrigerante. O novo hábito que tenho é o que minha esposa tem e meu filho de dois anos também”.

Industrializados

Para a nutricionista Camilla Oliveira, o sobrepeso e aumento de doenças crônicas se deve ao maior consumo de produtos industrializados na última década. Ela ressalta que, apesar de ser um Estado com muitas pessoas abaixo da linha de pobreza, o Ceará é uma das regiões com maior número de crianças obesas.
“Temos um ambiente muito propício para ter excesso de peso e precisamos ir contra o sistema. Essa gama de industrialização, de produtos com muito açúcar e muito sódio, tomou um espaço tão grande na nossa mesa, que precisamos voltar atrás. Temos uma indústria alimentícia extremamente agressiva, muito midiática, no veículo de maior repercussão, a TV”, avalia.

Ainda assim, de acordo com ela, o aumento do acesso à informação tem ajudado na mudança de hábitos. “As informações começaram a se difundir. Além disso, os projetos de governos e prefeituras em praças também estimulam a prática de atividades. O problema é que as pessoas querem transformações rápidas, milagrosas, sem fazer grandes mudanças. Esperam que isso resulte na perda de peso ou na regressão de uma doença, mas a mudança de comportamento envolve muitas outras coisas”, alerta.

Números

 

56,5% da população de Fortaleza está acima do peso de acordo com pesquisa

22,1% das pessoas ouvidas na Capital têm diagnóstico de hipertensão

Dicionário

Para classificar os indivíduos com sobrepeso ou obesidade, o Ministério da Saúde considera o Índice de Massa Corporal (IMC). Para identificar o seu IMC, é preciso dividir o peso pela altura ao quadrado. A taxa é também um indicador de risco para a saúde e tem relação com várias complicações metabólicas.

Excesso de peso: O indivíduo é considerado com sobrepeso quando o índice é igual ou maior que 25 kg/m².

Obesidade: O indivíduo é considerado com obesidade quando o índice é igual ou maior que 30 kg/m².

*Entre fevereiro e dezembro de 2016, a pesquisa Vigitel entrevistou por telefone 53.210 pessoas com mais de 18 anos nas capitais do País

O Povo Online


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