BRASIL

‘Mais de 240 mil assinaturas pedem que Lula ganhe Nobel da Paz’, diz Esquivel

O prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel está em Curitiba em solidariedade e para defender a liberdade do ex-presidente Lula. Segundo Esquivel, mais de 240 mil assinaturas pedem que Lula ganhe o Nobel da Paz.

“Estamos aqui em solidariedade, pedindo sua liberdade e também pelo reconhecimento de sua obra junto ao povo brasileiro, de tirar da extrema pobreza mais de 30 milhões de brasileiros dando-lhes dignidade. Por isso propus seu nome como candidato ao prêmio nobel da paz e em pouco tempo isso está tomando uma proporção que nos assusta, mais de 240 mil assinaturas pedem que o nome de Lula esteja na lista. E isto está se desenvolvendo agora também na Europa, nas cidades da França, Itália, Alemanha e Espanha e esperamos que se multiplique, porque é um reconhecimento imenso ao povo do Brasil e a Lula, especialmente. Quero dizer que seria o primeiro prêmio nobel do Brasil”.

Veja o vídeo no link.

Saiba mais

Ganhador do Nobel da Paz em 1980, Adolfo Pérez Esquivel explicou que decidiu indicar Lula no Comitê Nobel da Noruega porque a chegada do petista à presidência “marcou um antes e um depois para o Brasil” e tornou o ex-líder sindical “uma referência internacional da luta contra a pobreza”. O argentino citou que as políticas do ex-presidente tiraram 30 milhões de pessoas da miséria. “Um país inteiro”, avaliou o ativista, que atribuiu ao petista a diminuição da desigualdade.

Apenas algumas personalidades estão habilitadas a propor nomes para o Nobel — entre as quais parlamentares, ministros, ex-premiados e alguns professores de universidade. Arquiteto, escultor e ativista de direitos humanos, Esquivel ganhou o prêmio de 1980 ao coordenar a fundação Serviço Paz e Justiça na América Latina. A entidade defendia os direitos humanos e propunha a não-violência no enfrentamento dos abusos das ditaduras do continente. Uma das grandes vozes do movimento pacifista na região, ele acabou preso por questões políticas entre 1977 e 1979.

14 brasileiros indicados ao Prêmio Nobel da Paz

O Prêmio Nobel da Paz é um dos cinco Prêmios criados pelo sueco Alfred Nobel em 1901, com o intuito de homenagear personalidades que contribuíram para avanços nas áreas de física, química, fisiologia ou medicina, literatura e para a paz.  As premiações acontecem anualmente em Estocolmo, na Suécia.

Entre as personalidades que já venceram o Nobel da Paz estão Martin Luther King Jr., Madre Teresa de Calcutá e Nelson Mandela.

Até hoje, nenhum brasileiro foi laureado com o prêmio, mas ao menos 14 nomes já foram indicados e um deles é para a premiação deste ano. Veja a lista e saiba quem são esses brasileiros:

1. Barão do Rio Branco

Advogado, diplomata e historiador, José Maria da Silva Paranhos Júnior, nascido em 1845 e mais conhecido como Barão do Rio Branco, participou de diversas negociações envolvendo as fronteiras brasileiras. Foi Ministro de Relações Exteriores durante quatro mandatos presidenciais, foi promotor público em Nova Friburgo, deputado no Mato Grosso e Cônsul Geral do Brasil em Liverpool, na Inglaterra. Em 1911, um ano antes de falecer, foi indicado ao prêmio Nobel da Paz, mas perdeu para Tobias Michael Carel Asser, dos Países Baixos, iniciador das Conferências Internacionais de Haia, e Alfred Hermann Fried, da Áustria, fundador do Die Waffen Nieder.

2. Afrânio de Melo Franco

O mineiro Afrânio Camorim Jacaúna de Otingi de Melo Franco (1870-1943) foi advogado e promotor público no interior de Minas Gerais; Ministro da Viação no governo Delfim Moreira; e embaixador na Liga das Nações em Genebra, na Suíça. Ajudou na resolução da Guerra do Chaco, entre Bolívia e Paraguai, e dos conflitos do Porto de Letícia, entre Peru e Colômbia, em 1932. Por isso, foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz por 46 pessoas, em três anos: 1935, 1937 e 1938.

3. Oswaldo Aranha

Oswaldo Euclides de Souza Aranha nasceu em 1884 na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Era advogado, formado pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Foi combatente em movimentos ocorridos no Sul no início do século 20 e foi nomeado Secretário Estadual do Interior e Justiça durante o governo de Getúlio Vargas. Foi um dos principais articuladores da Aliança Liberal, mas chegou a se demitir como protesto à falta de empenho de Vargas e da própria aliança. Oswaldo Aranha teve diversos outros títulos e cargos durante a vida, mas teve grande destaque ao ser um dos defensores da redemocratização do Brasil. Em fevereiro de 1947, foi nomeado chefe da delegação brasileira na Organização das Nações Unidas (ONU) e ocupou o posto destinado ao Brasil no Conselho de Segurança da entidade. Sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz aconteceu em 1948.

4. Raul Fernandes

Raul Fernandes foi um jurista brasileiro nascido em Valença, no Rio de Janeiro. Teve grande participação no comitê que elaborou o projeto da Corte Permanente de Justiça Internacional e participou da Conferência de Paz em Paris no ano de 1920. Raul foi embaixador do Brasil em Bruxelas, na Bélgica, em 1926, e Presidente da Delegação do Brasil na 6ª Conferência das Repúblicas Americanas em Havana, Cuba, em janeiro de 1928. O destaque deu-se por sua atuação durante quase 20 anos como testamenteiro do espólio deixado, em 1930, pela filantropa Eufrásia Teixeira Leite, que legou uma imensa fortuna para entidades assistenciais e educacionais de Vassouras, no Rio de Janeiro. Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz nos anos de 1953 e 1954.

5. Marechal Rondon

Cândido Mariano da Silva Rondon, mais conhecido como Marechal Rondon, nasceu no estado do Mato Grosso, em 1865. Tornou-se professor aos 16 anos de idade, foi para a Escola Militar no Rio de Janeiro e depois cursou a Escola Superior de Guerra. Parte de sua família tinha origem indígena e em sua vida adulta, já como tenente, ajudou os índios da região do Mato Grosso, demarcando e conseguindo terras para que eles não fossem mais molestados. Em 1910, começou a chefiar o Serviço de Proteção ao Índio. Suas indicações ao Prêmio Nobel da Paz ocorreram em 1953 e 1957.

6. Josué de Castro

Josué de Castro nasceu em Recife, no ano de 1908. Cursou medicina na Faculdade Nacional de Medicina do Brasil, no Rio de Janeiro. Voltou para Recife e desenvolveu pesquisas sobre os problemas ligados à alimentação e à habitação na região. Fez diversas palestras na Itália e, a partir de 1940, entrou no Serviço de Alimentação e de Previdência Social (SAPS), além de ter fundado a Sociedade Brasileira da Alimentação. Com esse trabalho, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em quatro anos diferentes: 1953, 1963, 1964 e 1965. Castro chegou a ser deputado federal por Pernambuco em 1954 e foi designado embaixador do Brasil na Conferência Internacional de desenvolvimento, em Genebra, na Suíça. Durante o golpe militar de 1964, ele ficou exilado em Paris, onde faleceu 10 anos depois.

7. Dom Hélder Câmara

Nascido em 1909, em Fortaleza, no Ceará, Hélder Pessoa Câmara teve quatro indicações ao Nobel da Paz durante a década de 1970. O ex-arcebispo de Olinda e Recife não recebeu o prêmio devido à intervenção do governo militar do general Emílio Garrastazu Médici.  Essa afirmação foi revelada pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, de Pernambuco, durante o lançamento da obra ‘Prêmio Nobel da Paz: A atuação da ditadura militar brasileira contra a indicação de Dom Hélder Câmara’. Dom Helder apresentava todos os pré-requisitos para ganhar a premiação, por conta da sua atuação humanitária e contrária à ditadura.

8. Chico Xavier

Francisco de Paula Cândido Xavier nasceu em 1910 na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais. Foi médium e filantropo, e tornou-se um ícone do Espiritismo. Psicografou mais de 450 livros e foi considerado o maior líder espiritual no Brasil. Chico Xavier foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz nos anos de 1981 e 1982.

9. Irmã Dulce

Maria Ria de Sousa Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, nasceu em Salvador no ano de 1914. Considerada o “anjo bom da Bahia”, a católica brasileira realizou diversos trabalhos de caridade e assistência às pessoas mais pobres e necessitadas, além de ter ajudado na criação de vários institutos, entre eles o Hospital Santo Antonio, em Salvador. Foi indicada ao Nobel da Paz em 1988 pelo então presidente José Sarney.

10. Dom Paulo Evaristo Arns

Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em 1921, em Forquilhinha, Santa Catarina. Foi ordenado padre em 1945 e durante dez anos exerceu o ministério dando assistência à população carente de Petrópolis, Rio de Janeiro. Lecionou em diversas Universidades e Institutos dentro e fora do Brasil. Em 1972, Dom Paulo criou a Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Diocese de São Paulo, para denunciar os abusos do regime militar, e em 1985 criou a Pastoral da Infância, com a irmã Zilda Arns. Foi um dos principais nomes na luta contra a ditadura e ficou conhecido como o “Cardeal da Esperança”. Sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz aconteceu em 1989. Ele faleceu aos 95 anos, em dezembro de 2016.

11. Betinho

Helbert de Souza, conhecido como Betinho, nasceu em 1935. Foi um sociólogo brasileiro que realizou diversas atividades em defesa dos direitos humanos. Foi o fundador do Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica (IBASE), voltado para a democratização da informação, e também realizou ações contra a fome e a miséria. Foi indicado ao Nobel da Paz em 1994.

12. Zilda Arns

Zilda Arns Neumann, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, nasceu em 1934 na cidade de Forquilhinha, Santa Catarina. Foi médica pediatra e sanitarista, além de ter sido fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa. A Pastoral da Criança teve duas indicações ao Nobel da Paz, já Zilda recebeu sua indicação no ano de 2006.

13. Gaetano Brancati Luigi

Gaetano Brancati Luigi nasceu na Itália, mas vive no Brasil desde 1949, quando tinha 12 anos. A família dele migrou da Europa para a América do Sul em busca de melhores condições vida, por causa dos resultados da Segunda Guerra Mundial. Luigi é assessor da presidência da Associação Comercial de São Paulo e foi o criador do Marco da Paz, monumento que promove a fraternidade entre os povos e o ideal por um mundo mais pacífico. Foi candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 2015, mas perdeu para o Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia, que atuou para estabelecer as bases de uma democracia pluralista na Tunísia, país do norte africano.

14. Maria da Penha

Maria da Penha Maia Fernandes é uma farmacêutica nascida em 1945 na cidade de Fortaleza, no Ceará.  No início da década de 1980, sofreu duas tentativas de homicídio do então marido e lutou por 19 anos na Justiça até vê-lo preso. A partir da violência que sofreu, decidiu lutar para combater a violência doméstica contra todas as mulheres. Inspirou a criação da Lei federal nº 11.340/2006, a Lei Maria da Penha, considerada hoje a terceira melhor lei do mundo no combate à violência doméstica. Este ano ela é a mais nova brasileira a entrar no ranking pela disputa ao Prêmio Nobel da Paz. Veja mais no link.


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