BRASIL

Mercadante diz que Dilma “irá cumprir até último dia do mandato”

Coordenador da primeira campanha do ex-presidente Lula, em 1989, Aloizio Mercadante, hoje ministro da Educação, tinha 35 anos quando votou pela primeira vez. "Éramos todos amadores", diz ele. "Na minha adolescência e juventude, só conhecíamos o que era a democracia pelos livros de história".

Mercadante fez essa lembrança, numa rápida entrevista ao 247, após lançar um projeto de educação em tempo integral no Maranhão, ao lado do governador Flávio Dino, para comentar o momento político atual. "Espero que meus netos também só conheçam um golpe pelos livros de história".

O ministro usa a palavra golpe por uma razão simples: não há qualquer indício de crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma. Ele lembra ainda que o fato de lideranças da oposição cobrarem insistentemente a renúncia de Dilma só revela a inexistência de provas ou fatos concretos.

Há uma semana, ao participar de um debate promovido pela Confederação Nacional da Indústria, Mercadante foi cobrado por alguns empresários que falaram também em renúncia. "Esquece", diz ele. "Só quem não conhece a personalidade e a firmeza da presidenta Dilma cogita essa hipótese. Ela irá cumprir até o último dia o mandato para o qual foi legitimamente eleita".

Mercadante lembra ainda que os empresários deveriam contribuir para a solução do impasse atual. Segundo ele, "os efeitos econômicos da crise são evidentes" e todos deveriam cobrar de seus interlocutores no meio político posturas mais responsáveis. Até porque o Brasil está a apenas cinco meses de sediar o evento mais importante de sua história, que é a Rio 2016. "Seria uma insanidade chegar até lá nesse ambiente de irracionalidade e autodestruição coletiva".

O caso Delcídio

O ministro também comentou a hipotética delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), que ainda não foi confirmada pelo próprio suposto delator. "Mesmo que se confirme, ali não há absolutamente nada contra a presidenta Dilma", diz ele. "A oposição acreditava ter uma bomba atômica e agora se dá conta de que não tem nada nas mãos". O ministro lembra ainda que toda delação demanda provas e também deve ser relativizada pela situação psicológica que se impõe ao preso.

Sobre o impeachment, ele diz que um eventual golpe deixaria feridas profundas na sociedade, que durariam décadas para cicatrizar. Primeiro, pela deposição forçada de uma presidente legítima. Segundo, pela tentativa de se atingir um símbolo do combate à pobreza não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro, como é o caso do ex-presidente Lula. Terceiro, porque não existe golpe branco numa democracia. Como as forças democráticas da sociedade reagiriam, um golpe só poderia ser imposto por meio da força.

Ele acredita que ainda há tempo para um diálogo entre as forças responsáveis e democráticas da sociedade. Sobre o próximo dia 13, ele diz que o mais importante é evitar confrontos, que poderiam criar um ambiente de ainda mais radicalização no País.

Brasil 247


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