PERNAMBUCO

MP pede mais explicações sobre acidente de Eduardo Campos

O procurador Thiago Lacerda Nobre, do Ministério Público Federal em Santo (SP), pediu à Aeronáutica sete novas explicações sobre a queda do avião que, em agosto de 2014, matou o ex-governador e então presidenciável do PSB, Eduardo Campos, e mais seis pessoas. Responsável pelas investigações, Nobre encaminhou as indagações na última segunda-feira (25) para o chefe do Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRVP-SP), tenente-coronel Aviador Jarbas de Oliveira Pinto.

O procurador dá 15 dias para que o órgão responda. O Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRVP-SP) informou à TV GLobo que todas as informações solicitadas serão respondidas ao MPF no prazo estipulado.

Oficiais do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgaram, no último dia 19, o relatório final da investigação do acidente. Sem apontar um motivo específico, o Cenipa citou os principais fatores que contribuíram para a queda do avião: as condições meteorológicas adversas, a desorientação espacial e a indisciplina de voo.

De acordo com o órgão, entre os fatores que contribuíram para o acidente estão a falta de capacitação da tripulação para operar a aeronave e a escolha de uma rota fora dos padrões previstos. O relatório apontou que nem o piloto Marcos Martins, nem o copiloto Geraldo Magela da Cunha tinham feito cursos para pilotar aquela aeronave, modelo Cessna 560 XL.

Martins tinha curso para operar uma aeronave de modelo anterior, mas o copiloto não tinha treinamento no modelo usado no dia do acidente, nem no anterior.

As investigações também apontaram que os padrões de voz do copiloto gravados durante o voo demonstraram que ele aparentava fadiga e sonolência. O relatório assinalou, ainda, que em treinamentos e em voos anteriores, ele havia se comportado de forma “passiva no voo”, não respondendo adequadamente a situações de emergência.

Aproximação da pista de pouso

O Cenipa informou que a tripulação da aeronave fez a aproximação da pista de pouso de modo diferente do padrão. Minutos antes do acidente, o piloto disse por rádio que tinha tomado os procedimentos para pouso, mas a posição da aeronave era outra. Ele deveria ter feito duas curvas no espaço aéreo próximo à pista de pouso – chamadas “bloqueio” e “rebloqueio” –, mas seguiu direto em direção à pista, em uma espécia de “atalho”.

As investigações também constataram que tripulação não solicitou ao controle de tráfego aéreo informações sobre as condições de visibilidade da pista. Na hora do acidente, visibilidade era prejudicada por conta das chuvas e da névoa. No momento do impacto, a aeronave voava em uma velocidade muito mais alta do que o comum. Os motores, que geralmente resistem a impactos, ficaram deformados.

Pontos sem conclusões

Em seu texto, o procurador Thiago Lacerda Nobre pede mais esclarecimentos sobre os pontos inconclusivos. No pedido, ele quer saber “por qual razão o Operador de Estação da Aeronáutica, responsável pela ´Rádio Santos´ no dia da queda da aeronave não possuía Certificado de Habilitação Técnica, CHT, válido, bem como se esta situação é comum em outras estações aeronáuticas”, diz o ofício. Nobre pede ainda ao SRVP-SP que diga se o militar que estava na função continua sem CHT ou se situação foi regularizada.

O MPF questiona , ainda, “por qual razão o NDB RR estava inoperante na data do incidente e por qual razão não havia NOTAM a respeito da inoperância deste auxílio à segurança”. O sistema NDB emite sinais de rádio, considerados por especialistas imprecisos. NOTAM é a notificação sobre problemas ou qualquer incidente em equipamentos no avião.

O procurador também quer saber se foi feita alguma sindicância sobre os problemas descritos e outros referentes à imprecisão de informações transmitidas aos pilotos e falhas de comunicação sobre condições climáticas, equipamentos com defeito ou inoperantes. Nobre pede cópia integral desses documentos.

PSB viu falhas nas investigações

O PSB divulgou nota, no último dia (20), dizendo concordar com a família do ex-governador Eduardo Campos, que lamentou a falta de um "teste com o simulador de voo" na investigação sobre o acidente aéreo. O texto foi assinado pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira.

"O PSB entende que o Cenipa deveria ter considerado outros acidentes e incidentes envolvendo aeronaves da mesma família, Citation, de fabricação norte­americana, e realizado durante a investigação um teste de simulador de voo", diz o texto.

“A propósito da divulgação do Relatório Final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – Cenipa –, sobre as circunstâncias do acidente aéreo que vitimou o ex-governador Eduardo Campos e seis assessores, o Partido Socialista Brasileiro expressa sua concordância com as ponderações feitas pela família de Campos a respeito das conclusões do trabalho”.


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