“É um reator nuclear que entrou em reação em cadeia e está fora de controle. É um Fukushima biológico”, disse o neurocientista Miguel Nicolelis, um dos mais respeitados do mundo, sobre o avanço da Covid-19 no Brasil. Segundo ele, o país deverá registrar cerca de 500 mil mortes por volta de maio ou junho
Reuters – O Brasil pode superar o recorde dos Estados Unidos de mais de 5 mil óbitos por Covid-19 em um único dia, e ruma para se tornar o lugar do mundo com o maior número de vítimas fatais da doença.
A gravidade da situação deve aumentar ainda mais com a aproximação do inverno, período em que o país registrou no ano passado seu primeiro pico da doença, avaliaram especialistas, o que pode elevar o total de vítimas fatais a mais de 500 mil ainda no primeiro semestre.
“A Organização Mundial da Saúde expôs o Brasil como alvo principal, mas acho que eles ainda não se deram conta do tamanho do rojão aqui. É um reator nuclear que entrou em reação em cadeia e está fora de controle. É um Fukushima biológico”, disse à Reuters o neurocientista Miguel Nicolelis, que acompanha de perto o avanço da Covid-19 no Brasil desde o início da pandemia.
Com uma campanha de vacinação lenta, poucas medidas efetivas de restrição de circulação de pessoas e a rápida disseminação de variantes mais transmissíveis, o Brasil se tornou o novo epicentro da pandemia, sendo responsável por uma de cada quatro mortes no mundo pelo coronavírus atualmente.
Na última semana epidemiológica o país registrou média diária superior a 2.800 mortes, com um recorde de 3.860 óbitos registrados em 24 horas na quarta-feira.
De acordo com Nicolelis, o Brasil está em rota para chegar a 500 mil mortes por volta de maio ou junho, mediante a aceleração recente da doença e a chegada dos meses mais frios do ano.
Estudo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), ligado à Universidade de Washington, no Estados Unidos, apontou que o Brasil pode chegar a 563 mil mortes por Covid-19 em 1º de julho, caso se mantenha o cenário atual de distribuição de vacinas e medidas de restrição.
Um cenário mais positivo, em que 95% da população usasse máscara, o número estimado de mortes no período cairia para 508 mil, enquanto no pior dos cenários, com menos pessoas usando máscaras do que atualmente e um avanço ainda mais rápido das variantes mais transmissíveis, o número chegaria a 598 mil no período.
Atualmente o Brasil registra o segundo maior número de óbitos pela doença no mundo, com 332.752 até segunda, enquanto os Estados Unidos têm a maior perda de vidas da pandemia, com 555.826 óbitos.
*Brasil 247
http://revistanordeste.com.br/nicolelis-brasil-virou-fukushima-biologico/
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