CEARÁ

No Ceará, a Saúde que funciona, apesar da crise

Mesmo com a falta de insumos e a lotação de leitos, as unidades de referência de Saúde conseguem manter serviços importantes, como o atendimento a intoxicados e queimados, os transplantes de coração e as neurocirurgias. Os desafios se ampliam nos setores de excelência dos grandes hospitais da Capital, sobretudo, no atual cenário da Saúde pública.

 

No Instituto Doutor José Frota (IJF) – maior hospital de urgência e emergência do Estado – existe um dos 35 centros de referência em toxologia do País, sendo um dos seis a oferecer atendimento direto a pessoas envenenadas/intoxicadas. Somente este ano, entre janeiro e abril, 1.101 pacientes receberam os cuidados do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do IJF.

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Por ser o único centro do tipo no Estado, o Ceatox registra sobrecarga de demandas, principalmente, de pessoas encaminhadas do Interior. “O número de pacientes acaba sendo tão grande que o antídoto da gente não chega a acabar, mas fica em níveis preocupantes. Isso já aconteceu neste ano”, relata Poliana Lemos, diretora do centro.


Também reconhecido pela excelência, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do IJF enfrenta outros desafios. O POVO apurou que chega a faltar insumos como ataduras e esparadrapos, o que já ocorreu também este ano. A lotação também preocupa. Na quinta-feira, 21, estavam ocupados os 28 leitos de internação e outros quatro extras. O CTQ conta com equipe multidisciplinar com cerca de 100 profissionais e é referência no Norte e Nordeste. De janeiro a abril, atendeu 1.146 pacientes.


Quanto aos transplantes de coração, o Ceará foi o segundo estado do Nordeste que mais realizou o procedimento em 2014, perdendo apenas para Pernambuco. O levantamento foi realizado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).


Coração

O Hospital de Messejana (HM) contribui para essa marca, realizando, em média, dois transplantes de coração por mês. Referência no País, o HM é o único hospital do Norte e Nordeste a realizar transplantes cardíacos em crianças. A unidade também oferece suporte para pacientes graves que esperam o órgão e estão inseridos no projeto Coração Artificial.
 

“Nessa ação, a gente tem a possibilidade de manter o paciente esperando um doador. Ele fica ligado a um aparelho que faz o trabalho do coração. A pessoa fica internada, mas não necessita de respirador artificial”, explica Marcos Gadelha, diretor do HM.


Apesar do reconhecimento nacional, a unidade também convive com a superlotação. Durante a última semana, o HM se manteve nos boletins da Secretaria da Saúde como o hospital do Estado com maior número de atendimento “extraleitos”.


“Hoje, trabalhamos acima do limite porque vêm pessoas com perfis diferentes da unidade. Chegam muitas pessoas do Interior, como se não existisse atendimento cardíaco por lá. Nem tudo precisa ser aqui”, comenta Gadelha.

O Povo


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