BRASIL

“O governo errou. Agora terá que dividir o protagonismo com o Congresso”

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, acaba de voltar de uma viagem aos EUA onde foi preparar acordos a serem assinados pela presidente Dilma Rousseff durante a visita que ela fará neste mês de junho àquele país.

A viagem de Dilma marca a retomada de relações amigáveis com o presidente Barack Obama, depois dos desentendimentos causados pela descoberta de espionagem norte-americana sobre o governo brasileiro.

Ex-presidente da União Nacional dos Estudantes, ex-deputado federal pelo PCdoB de São Paulo, ex-líder do governo Lula, ex-presidente da Câmara e ex-ministro-chefe da Coordenação Política ainda na administração Lula, Aldo também foi ministro dos Esportes no governo Dilma Rousseff durante a Copa do Mundo. Agora, além de comandar a área científica, também integra o grupo de coordenação política do governo.

Uma larga experiência que o colocou no centro de grandes polêmicas, como a relatoria do Código Florestal e a presidência da CPI CBF-Nike que investigou corrupção entre cartolas do futebol brasieliro durante a Copa do Mundo.

A CPI resultou num livro de sua autoria com o relator da Comissão, o deputado tucano Silvio Torres (SP). Livro proibido de circular devido a uma medida judicial pedida pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira. E que trouxe denúncias coincidentes com as prisões recentes pelo governo dos EUA de ex-dirigentes da Fifa e da própria CBF.

Tudo isso fez do comunista Aldo Rebelo um político daqueles que pensa várias vezes antes de proferir cada palavra. Às vezes parece lento, como se pode conferir no vídeo abaixo. Mas nem por isso ele deixa de dizer coisas fortes e importantes.

Como, por exemplo, que o governo Dilma errou quando incentivou candidaturas contrárias ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na eleição dos presidente da Câmara e do Senado. E que, agora, o Palácio do Planalto terá que aprender a dividir o protagonismo na política com o Legislativo.

Aldo anuncia ainda que “em quatro ou cinco anos” o Brasil lançará ao espaço um satélite de fabricação própria, num veículo brasileiro, da base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, completando finalmente um programa abortado em 2004 com a explosão do Veículo Lançador de Satélites (VLS) brasileiro. Na ocasião morreram 21 dos mais preparados técnicos e engenheiros do Brasil na área.

Veja algumas das frases do ministro na entrevista e confira o vídeo abaixo:

“As dificuldades do governo com o Congresso são advindas de uma disputa dura em que o PT obteve a vitória já numa situação defensiva.”

“A classe média foi às ruas por vários objetivos: uma parte porque perdeu renda; outra parte porque perdeu a eleição; e outra parte porque é maluca e pensa que os militares podem voltar ao poder.”

“O governo errou na eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Sendo o PMDB protagonista da base e da eleição, com o vice-presidente da República, Michel Temer, o governo deveria ter evitado uma disputa que deixasse sequelas com os presidentes das duas Casas.”

“O quadro mudou. Governo vai ter que levar em conta nova correlação de forças com o Legislativo. Agora parte da agenda será do Congresso. Por exemplo: o caso da maioridade penal. É legítimo que os parlamentares proponham esse debate.”

“O governo é como cobra, até morto faz medo.”

“A luta pelo domínio da ciência e tecnologia sempre estabeleceu uma competição muito dura entre as nações. Tanto é que, na área nuclear, não há reconhecimento de patentes.”

“Nossos laços de cooperação com os EUA são mais estáveis do que os momentos sombrios, que foram o apoio deles ao golpe de 1964 e este episódio agora da espionagem.”

“Claro que os EUA apoiaram o golpe, mas foi nossa elite civil e parte da elite militar quem organizou.”

“O acidente de Alcântara interrompeu um ciclo vitorioso. Mas em quatro ou cinco anos vamos ter um satélite brasileiro, com veículo lançador de foguetes brasileiro, lançado da base brasileira de Alcântara.”

IG


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