BRASIL

Orçamento da educação pode cair 31% no próximo ano, mostra estudo do BID

O Globo – Estudo feito por pesquisadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) projeta que a educação pode perder de 11,1% até 31,6% de recursos acumulados entre os anos de 2020 e 2021 devido à pandemia da Covid-19.

Intitulado “Covid-19 e Financiamento da Educação no Brasil: Impactos da Pandemia Sobre o Orçamento Educacional”, o trabalho traz indicadores para cinco cenários diferentes, que vão desde a manutenção das altas taxas da doença por um longo período, que é o cenário mais pessimista, até a possibilidade de uma vacina no início do ano que vem, visão mais positiva.

Em valores absolutos, essa maior queda pode chegar a uma perda de R$ 19 bilhões.

O levantamento complementa outra pesquisa, do Fineduca, que já mostrou possíveis impactos no orçamento da educação.

O impacto no setor é relacionado diretamente à evolução da doença, já que a maior parte do financiamento da educação provém de tributos, que têm sua arrecadação reduzida em contexto de isolamento social. Ao mesmo tempo, ressaltam os pesquisadores, que o próximo ano deve ter uma realidade de menos dinheiro e mais alunos nas redes públicas.

— Projetamos que deve ter uma entrada de novos alunos nas redes devido ao desemprego. Os pais que têm seus filhos em escolas privadas e não conseguirão mais pagar por ela devem fazer essa migração. Os gestores terão que pensar como fazer mais com menos — avalia Kleber Castro, um dos autores da pesquisa junto com José Roberto Afonso, Gregory Elacqua, Luana Marotta e Sammara Soares.

Kleber acredita que os dados acionam um sinal vermelha entre os gestores.

— Os secretários (de educação) terão muita dificuldade em fechar suas contas. Para piorar, esse ano é eleitoral e você pode ter equipes totalmente novas que vão ter que lidar com essa situação. Podemos ver casos de governos tendo dificuldade em pagar os salários dos professores e tendo que atrasar — avalia Kleber.

Para a professora da Fundação Getúlio Vargas Tássia Cruz, o impacto deve ser na folha de pagamento de funcionários da educação, porque eles correspondem ao principal investimento da área nos seus orçamentos.

— O gasto com os recursos humanos é o principal. Podemos ter, devido a esse contexto, novas formas de contratação de professores para que a conta possa fechar. Essa é a principal forma para que as redes consigam reduzir seus custos, mas isso também pode significar uma precarização desse tipo de trabalho — avalia Cruz.


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