CEARÁ

População de Fortaleza inteira já cabe dentro da frota de carros

Com uma frota de 579.390 veículos particulares (carros e camionetas), calculada até agosto pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), a população de Fortaleza cabe inteira dentro dos carros (e ainda sobra vaga). É uma média de 4,4 pessoas por carro na Cidade. E, mesmo já sendo um número considerável, a frota de transporte particular é crescente.

Nos primeiros oito meses do ano, 94 novos carros foram registrados por dia na Capital. A literatura de trânsito, porém, estima que cada um desses carros leva apenas o motorista. E hoje metade dos 2.591.191 de fortalezenses depende mesmo é de transporte público para se locomover diariamente. 

O dia 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro, é um alerta de que os cálculos esmiuçados acima não são comportados pela Cidade – que precisa diminuir a dependência do transporte particular e construir novas relações com o espaço urbano.

“Vivemos a ilusão de que o carro individual é liberdade. Mas não é liberdade quando te prende por horas no trânsito, te estressa, te põe em risco de acidentes e te torna, parado no engarrafamento, alvo fácil de assaltos. Liberdade é poder escolher de que forma você quer se locomover hoje”, aponta a doutora em Psicologia e pesquisadora de Mobilidade Humana, Gislene Macêdo.

Para a doutora, é possível fazer essa escolha sem ser radical, adaptando a rotina ao que pode ser bom também para a vida em sociedade. “Isso pode ser feito aos poucos. Iniciando hoje, repetindo em outros dias e tornando-se progressivamente um hábito. O dia sem carro é um convite para experimentar e ver o que se pode ganhar com isso”, ensina.

Os beneficios podem ser de ordem prática: gastam-se menos tempo nos deslocamentos e menos dinheiro com combustível, queimam-se calorias, diminuem-se as mortes no trânsito, enumera Celso Sakuraba, diretor da Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida).

E há as benesses que não são tão facilmente mensuradas. “Quando se deixa a individualidade do carro, você convive em coletividade, partilha de interesses afins e isso, seja de ônibus, a pé, ou de bicicleta, faz aflorar o sentimento de que a Cidade é nossa de verdade”, dialoga Gislene Macêdo.


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