BRASIL

‘Por muito menos eu fui para o saco’, diz Delcídio sobre gravação do Jucá

O ex-senador Delcidio do Amaral, que foi acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato e que teve sua cassação agilizada após uma manobra do ex-ministro do Planejamento Romero Jucá, que apresentou um requerimento de urgência para a sessão que votou pelo afastamento de Delcídio, ironizou o teor das gravações que levaram a primeira crise politica do governo interino de Michel Temer.

"Depois da gravação do Mercadante, Lula e Dilma e essa agora do Jucá, com todo respeito, a minha conversa é uma Disney, uma grande brincadeira", disse Delcídio, em referência ao vazamento da conversa entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado sobre a criação de um pacto para barrar as investigações da Operação Lava Jato. Delcídio também foi flagrado em gravações tentando obstruir as investigações da mesma operação.

A referência ao ex-ministro Aloizio Mercadante está ligada a uma gravação onde ele ofereceria vantagens para que Delcídio permanecesse em silêncio durante os seus depoimentos. Já a presidente afastada Dilma Rousseff e Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram grampeados em uma conversa que sugere que a nomeação de Lula ao cargo de ministro-chefe da Casa Civil era uma manobra para evitar um possível pedido e prisão.

Nas gravações que levaram a saída de Jucá em apenas 12 dias de governo Temer, ele diz a Sérgio Machado que é preciso mudar o governo para "estancar a sangria" decorrente da Lava Jato. "Ele fala de tudo, e por muito menos eu fui pro saco. Ele cogita uma mudança de governo para se fazer um pacto contra a Lava Jato. É absurdo!", disparou Delcídio.

"O que essas gravações provam é que há uma obstrução de justiça institucionalizada, à nível presidencial e no Legislativo. Uma obstrução de justiça em cima de um pacto que passa pelo afastamento de uma presidente, isso é muito grave!", ressaltou. Delcídio ressaltou que Jucá já teve uma passagem rápida pelo Ministério da Previdência em 2005. "Essa indicação também foi um equívoco e durou muito pouco. Romero, o Breve", irnizou Delcidio em referência a saída de Jucá em apenas quatro meses devido a uma série de denúncias envolvendo a pasta.

Apesar de considerar que a gravação abala o governo Temer, Delcídio disse não acreditar que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff venha a sofrer algum tipo de alteração em função do caso. "A gravação deu munição, é um discurso muito forte para a base parlamentar da Dilma, mas não reverte o impeachment por questões absolutamente práticas", disse referindo-se à falta de condição política para um eventual retorno da presidente afastada.


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