BRASIL

PR, PP, PSD e nanicos querem leilão entre Dilma e Temer

Anda mal a negociação de ministérios entre o governo e o PR, o PP, o PSD e um grupo de partidos nanicos. Essas siglas querem fazer um leilão entre o que podem oferecer a presidente Dilma Rousseff e ao vice Michel Temer.

O PP informou o Palácio do Planalto que deverá tomar uma decisão sobre impeachment somente no dia 11 de abril, provável véspera da votação do pedido de impeachment pela comissão da Câmara. O PR ameaça fazer o mesmo. Ou seja, querem esticar a corda para ver quem dá mais.

Dilma está inclinada a pagar a conta. Ofertou a pasta da Saúde ao PP e o Ministério de Minas e Energia ao PR. E analisa que pastas pode negociar a mais com o PSD, que dá sinais cada vez maiores de infidelidade ao governo. Também entrou no “varejão”, como um diz um ministro, com uma leva de legendas nanicas.

O governo faz isso porque só tem mesmo certeza do apoio de cerca de 100 votos na Câmara, que são os deputados ideologicamente do campo da esquerda política. O Palácio do Planalto sabe que precisa arregimentar o apoio de mais 100 deputados fisiológicos para ter alguma segurança mínima numa votação aberta e transmitida pela televisão e rádio.

Já Michel Temer tem evitado entrar no leilão. Há uma avaliação no PMDB de que os fatos ganharam pernas que resultarão no impeachment e que seria um erro Temer entrar no “varejão”. A avaliação do PMDB é que cabe ao governo frear uma carreta em disparada na descida.

O governo está numa contraofensiva, mas o resultado deverá ser medido ao longo dos próximos dias. Quanto mais perto da votação do parecer na Câmara, mais caro cada deputado venderá o seu apoio. Esse jogo tem um limite.

A presidente quer anunciar até amanhã uma mudança ministerial, mas talvez leve mais tempo para negociar. Hoje Dilma está em situação mais desfavorável do Temer.

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Reprise perigosa

Em solenidade ontem no Palácio do Planalto, a presidente Dilma sugeriu que um eventual governo do PMDB tiraria direitos dos trabalhadores.

Dizer que um eventual governo Temer jogará a conta da correção dos erros econômicos da gestão Dilma sobre os ombros dos mais pobres é uma repetição do discurso que a presidente fez contra Aécio Neves na eleição de 2014. Deu certo naquela época.

Depois, a presidente tentou aplicar a receita que negava quando nomeou Joaquim Levy para a Fazenda. Por incompetência, não bancou Levy e voltou a adotar uma política que já mostrou que deu errado.

Essa estratégia é irresponsável do ponto de vista político e econômico. A presidente sabe que o caminho atual só produzirá mais desemprego e que será necessária uma correção de rumos. Dilma sabe que não haverá saída sem sacrifícios.

Mais: se a estratégia atual der certo e Dilma impedir o impeachment, os problemas da economia não desaparecerão, e ela terá menos capital político para enfrentá-los de verdade com um discurso desse tipo. É uma jogada arriscada, porque eleva o boicote dos empresários e do mercado financeiro ao atual governo. E isso tem influência sobre os deputados e senadores que apreciarão o impeachment.

IG

Blog do Kennedy


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