PERNAMBUCO

Presidente da FUNDAJ faz palestra  magna sobre “cidadão no mundo contemporâneo”

Ainda repercute a abordagem sobre os cenários e desafios do mundo contemporâneo como ponto central da palestra magna realizada pelo escritor e presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos, nesta terça-feira (17), durante a noite de abertura da Festa Literária Internacional de Ipojuca — a Flipo 2019.

Durante sua participação registrou-se com maior concentração maior público do dia  consagrando o reencontro de amigos e admiradores do escritor.

REALIDADE- Ao iniciar sua fala, Campos apresentou um texto sobre o “triângulo da auto-obsessão”, que reflete a suposta tendência do homem atual em estar ressentido do passado, insatisfeito com o presente e temendo o futuro. Em seguida, teceu críticas ao que chamou de “fragmentação e perda crescente das identidades humanas diante de um mundo complexo e cada vez mais acelerado”.

“Vivemos uma sociedade desorientada. Precisamos de um novo paradigma, de uma nova visão da realidade que nos (re)coloque em um caminho renovador e leve à preservação da espécie humana e da natureza. Nestes tempos nublados atuais vivemos um desafiador paradoxo contemporâneo”, refletiu, ao contrapor a influência das redes sociais no isolamento diário e as tensões das imigrações.

DESIGUALDADES – Destacou as desigualdades que persistem no Brasil e reforçou a importância de políticas públicas de distribuição de renda. “O Brasil tem quase 15 milhões de brasileiros ganhando menos de R$ 200 por mês. São 200 milhões de pessoas na pobreza. O crescimento econômico traz sim distribuição de riquezas, mas ele não chega automaticamente à pobreza que vive à margem.”

O escritor comentou ainda a necessidade da busca por sentido de vida ao mencionar o curso “O jeito Harvard de ser feliz”, do autor norte-americano Shawn Achor. Lembrou as figuras do pastor Martin Luther King, o ativistas dos direitos humanos Malcolm X, símbolos importantes para os movimentos negros, e o abolicionista Joaquim Nabuco.

Para aprofundar a reflexão sobre a sociedade contemporânea, construiu um panorama com reflexões e provocações feitas por diversos intelectuais: do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que escreveu O mundo como vontade e representação (1819), ao sociólogo polonês Zygmunt Bauman, figura emblemática deste século e autor da teoria da Modernidade líquida (1999).

“É preciso demolir os novos muros e criar pontes. Ser cidadão no mundo contemporâneo não é estar na rede social e manter uma conta no YouTube, mas, continua sendo, começar a cidadania em casa e estender à comunidade”, ressaltou Campos. “A lógica das cidades inteligentes é de um território das/para as pessoas. Do público prevalecendo sobre os interesses privados.”

Ao final de sua participação, Antônio Campos agradeceu o convite da organização da Flipo e defendeu a manutenção de uma iniciativa que estimula a leitura e valoriza a literatura local ao mencionar o escritor português Valter Hugo Mãe. “‘Livros são máquinas de fazer sentir’. Em um mundo em conflito, a paz é tarefa para os corajosos. As artes contra-atacam e resistem”, defendeu.

A autônoma Maria das Mercês Campelo, 68, disse que se sentiu emocionada no decorrer da exposição. “Ele foi muito forte ao falar da doença do século, que é o pensamento acelerado. O mundo nos faz isso e é preciso preservar valores que nos ajudem a manter os pés no chão, zelado pelo outro e olhando pela natureza”, refletiu a autônoma.


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