BRASIL

PSDB tenta se diferenciar do PT quando assunto é mensalão

Enquanto o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) se prepara para contestar no Supremo Tribunal Federal (STF) as acusações de envolvimento com o mensalão mineiro, políticos próximos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e profissionais de imagem já desenham estratégias para evitar que o julgamento do processo contamine a campanha presidencial do PSDB.

O discurso adotado pelos tucanos tem buscado estabelecer uma diferença com o comportamento adotado pelo PT de crítica ao Judiciário e, principalmente ao relator do processo, o atual presidente do Supremo, Joaquim Barbosa.

“Existem colegas nossos sendo julgados e que podem, ao final, serem absolvidos ou condenados. Se forem condenados, vamos saber reconhecer. O que não dá é para adotar o discurso de que há um judiciário distorcido. Isso, claramente não vamos fazer”, exemplificou o deputado Duarte Nogueira, que preside o partido em São Paulo e tem participado do núcleo de decisões da pré-campanha de Aécio Neves à Presidência da República.

Neste processo de diferenciação, os tucanos querem evitar ao máximo o uso do termo “mensalão” e defendem que o esquema investigado na Ação Penal 536 não guarda semelhança com o mensalão petista, que começou a ser julgado em 2012.

Defesa: Azeredo alegará falsidade de documentos

“Esta nomenclatura refere-se ao processo que surgiu após a CPI dos Correios, do qual o deputado Roberto Jefferson, foi o delator e que consistia em pagamentos para a base do governo. Era dinheiro pago mensalmente para deputados da base do governo”, considerou Duarte Nogueira.

No entanto, ao falar do que teria ocorrido em Minas Gerais, Nogueira esbarra no mesmo discurso adotado por petistas na ocasião em que o mensalão foi denunciado: o da existência de caixa dois de camapanha.

“No caso de Minas Gerais, se ficar provado que houve desvio de recursos públicos, isso ocorreu no período de campanha, na qual teria ocorrido o uso de caixa dois”, disso o deputado. É claro que não deixa de ser crime, mas não é mesma coisa”, considerou Duarte Nogueira.

De acordo com a denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o esquema desmantelado em Minas envolve desvios de recursos públicos com o objetivo de abastecer a campanha de Azeredo à reeleição, em 1998. Os tucanos defendem a tese de que Aécio nada tem a ver com a campanha tucana em Minas Gerais e que o partido quer punição para os políticos envolvidos em atos ilícitos.

Em meio ao esforço para restringir o caso a Minas Gerais, alguns tucanos dizem que Azeredo pode renunciar e poupar a campanha de maior constrangimento, inclusive pela possibilidade de cassação de seu mandato, caso o Supremo, ao final do julgamento, defina que ele é culpado. Azeredo, no entanto, tem dito aos mais próximos que renúncia não é seu desejo.

Defesa

Apesar do discurso do PSDB, a defesa de Eduardo Azeredo adotará em suas alegações a mesma postura externada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o mensalão petista foi denunciado. Lula disse que não sabia de nada. A tese dos advogadas é a de demonstrar que Azeredo não teve participação e não sabia da existência do esquema.

A ideia da defesa é responsabilizar o ex-tesoureiro da campanha tucana, Cláudio Mourão, pelos possíveis atos de corrupção. A estratégia da defesa de Azeredo, comandada pelo advogado José Gerardo Grossi, é mostrar que Azeredo deu plenos poderes a Mourão, por meio de procurações passadas ao ex-tesoureiro. Com isso, a defesa espera eximir o parlamentar de qualquer responsabilidade sobre as acusações.

Essa tática tenta derrubar a principal tese da Procuradoria, segundo a qual Azeredo não somente sabia como comandava o esquema de desvios de recursos ocorridos em minas. Nas alegações finais, Janot, afirma que “as liberações de recursos financeiros para apoio da campanha de Azeredo ocorriam após encontros ou conversas com o réu, restando comprovado que as decisões financeiras do comitê eleitoral não tinham como ser tomadas senão mediante a determinação do ora réu e então candidato à reeleição”.

Amigos durante os anos de 1990, Azeredo e Mourão romperam após a derrota na campanha eleitoral de 1998. Mourão cobrou, na Justiça, uma dívida de R$ 1,5 milhão. Desde então, os dois não mantêm mais contato. Azeredo deve argumentar nas suas alegações finais que parte das informações fornecidas por Mourão sobre o escândalo do mensalão mineiro e que comprometem o parlamentar são falsas ou tinham por objetivo prejudicá-lo.

Além disso, a defesa de Azeredo também pretente mostrar que não havia qualquer vinculação dele com o publicitário Marcos Valério, que supostamente operou o mensalão mineiro. Pela acusação da PGR, um dos fatos que comprovariam essa ligaçaõ, seriam 57 telefonemas entre Azeredo e Valério ocorridos entre 2000 e 2004.

Para a PGR, outra prova dessa ligação é um recibo supostamente assinado por Azeredo comprovando um empréstimo concedido por Marcos Valério no valor de R$ 4,5 milhões. A defesa de Azeredo vai argumentar que não há provas de que as assinaturas sejam autênticas já que os laudos atestando a veracidade da caligrafia do parlamentar ocorreram em cópias, não em documentos originais.

(do site iG)


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