BRASIL

Reportagem da NORDESTE faz alerta sobre uso dos agrotóxicos no Brasil

Engana-se quem pensa que a mesa farta de frutas e verduras é sinal de saúde. A fama de fruto proibido da maçã se estendeu para praticamente toda a lista da feira do brasileiro. Os últimos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram fortes níveis de agrotóxicos em produtos como o mamão, tomate, uva, morango, arroz, alface, pepino e o pimentão, este último com 90% de contaminação. Em 2011, 36% das amostras apresentaram resultados insatisfatórios. No ano seguinte, o número caiu para 29%, mas isso não impediu do Brasil ser, hoje, o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. O país, que tem o agronegócio como base de sua economia, além de apresentar excesso de venenos nas produções agrícolas ainda faz uso de mais de dez substâncias proibidas no resto do planeta.

O grande incentivo governamental para a utilização dos agrotóxicos com o intuito de alavancar as produções e motivar a economia começou na década de 70. Desde então, o uso desses insumos só aumenta. Vinte anos mais tarde, o Brasil consumia aproximadamente 130 mil toneladas por ano, apresentando um aumento de 700% nos últimos quarenta anos, segundo dados da Agência Embrapa de Informação Tecnológica (Ageitec). Já no ano passado, o consumo de agrotóxicos cresceu para um bilhão de litros, equivalente a 5 litros por habitante. Além disso, o país ainda utiliza substâncias como Parationa Metílica, Cihexatina Tricolfon, Abamectina, Carbofuran, Acefato, Forato, Lactofen, Fosmete, e Thiram, todas proibidas no resto do mundo. 

Como se não bastasse, recentemente foi aprovada a Lei nº 12.873/13 e o Decreto nº 8.133/13 que liberam o uso de substâncias ainda não admitidas no Brasil. “A lei permite a importação de agrotóxicos no país mesmo sem registro quando declarada emergência fitossanitária como é o caso da utilização do benzoato de emamectina para o combate da lagarta helicoverpa arnigera nas grandes lavouras”, explica Valcler Rangel Fernandes, vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O exemplo citado refere-se a um caso que ocorreu no oeste da Bahia, em novembro passado, quando o governo declarou estado de emergência pedindo a adoção de medidas visando o controle da lagarta, praga que provocou um prejuízo de cerca de 2 bilhões em lavouras de algodão.

Casos como esse abriram mais ainda as portas para o uso de agrotóxicos. Valcler explica que o benzoato de emamectina utilizado no combate da lagarta é nocivo, mas não só para as pragas. “Este ingrediente ativo já teve seu registro negado há alguns anos pela Anvisa devido aos importantes efeitos neurotóxicos e suspeita de causar má formação fetal”, afirma. 

(Leia a matéria completa na ediçã nº 89 da Revista NORDESTE, já em todas as bancas do país)
 


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