BRASIL

Reportagem faz um diagnóstico do que é sofrer com Transtorno Bipolar

Em um passado não tão distante nos Estados Unidos, Maria (brasileira, 55 anos) foi presa por invasão de privacidade. Não por maldade, entrou na casa alheia sem ter noção do que estava fazendo, apenas por pensar que era onde morava um amigo. Em outro episódio de sua vida, pensou poder voar, e à beira da sacada do prédio de sua mãe, de cinco andares, quase pulou. O nome é fictício, mas a personagem é real e os acontecidos foram algumas das histórias contadas por Maria relembrando momentos de euforia, um dos quadros apresentados de quem sofre transtorno bipolar. O outro lado de quem sofre com o distúrbio no humor é a depressão, que também pode chegar a extremos. “Em uma fileira de engarrafamento comum eu achava que era o enterro da minha irmã”, conta ela uma ilusão que teve em uma de suas crises.

O transtorno bipolar tem como característica principal a flutuação ou instabilidade do humor, oscilando em extremos como fases de euforia ou fases depressivas, às vezes em curto espaço de tempo. Os momentos eufóricos são chamados pelos especialistas de mania. “A mania é explicada quando uma pessoa apresenta episódios de extrema alegria, euforia e humor excessivamente elevado, já a depressão consiste no humor rebaixado apresentado pelo indivíduo e falta de vontade e disposição para fazer coisas que antes geravam prazer. Esta variação de sentimentos é que comete ao transtorno bipolar”, explica a psicóloga Letícia Guedes especialista em terapia comportamental cognitiva, que atua em Goiânia.

Mas, além das alterações de humor, o indivíduo pode apresentar variações em outras funções psíquicas e físicas, explica o psiquiatra Teng Chei Tung, médico coordenador dos Serviços de Interconsultas e Pronto Socorro do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Como a capacidade de pensar (muito rápido ou muito lento), o ritmo biológico (dormir demais ou insônia), apetite excessivo ou diminuído, problemas de concentração e memória. O transtorno bipolar pode causar muitos problemas sociais e ocupacionais, pela inconstância e imprevisibilidade, podendo até chegar a ideias de morte e suicídio”, completa o médico. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença é a sexta causa de incapacidade no mundo e a terceira entre os distúrbios mentais, ficando atrás apenas da depressão e esquizofrenia. Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), cerca de 4% da população adulta mundial sofre com o transtorno, e essa prevalência vale também para o Brasil, o que representa 6 milhões de pessoas no país. 

Para Teng Chei Tung, esse alto índice é decorrente de vários fatores. “Provavelmente pelas pessoas terem mais contato com drogas lícitas como o álcool e drogas ilícitas como a maconha e a cocaína. Estas drogas podem desequilibrar o cérebro do indivíduo, favorecendo uma tendência que o mesmo já tinha. Além disso, o estilo de vida atual, em que se dorme muito pouco, come-se sem horário definido, e não se tem regularidade na hora de dormir e acordar, além do excesso de estresse e de pressão para fazer muitas coisas ao mesmo tempo, pode desequilibrar o cérebro e desencadear o transtorno bipolar”, elucida. A ABTB aponta também que de 30% a 70% das pessoas que apresentam casos de bipolaridade, ainda há algum outro distúrbio psiquiátrico relacionado, como fobias, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de personalidade e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

 

(Leia a reportagem completa na edição nº91 da Revista Nordeste, à venda nas bancas de todo país)
 


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