BRASIL

Revista Nordeste aponta crescimento da inovação tecnológica na região

O mundo da Tecnologia da Informação parece distante e complexo quando observado de longe. A maioria das pessoas não está habituada a pensar no funcionamento de seus aparelhos eletrônicos e para onde vão as informações que são depositadas diariamente na Rede Mundial de Computadores. No entanto, essa área da tecnologia está mais perto do que muita gente imagina. Mesmo uma pessoa que não usa computadores, por exemplo, é usuária da Tecnologia da Informação quando faz uma ligação telefônica, ao realizar a sua declaração de imposto de renda ou simplesmente quando realiza uma compra no supermercado, já que os dados da negociação são armazenados no sistema da empresa.


A Tecnologia da Informação pode ser definida como a união de todas as atividades que permitem a obtenção, o armazenamento, o uso e o acesso das informações. Portanto, ela se faz presente todos os dias quando você acessa as mídias sociais ou pesquisa algo em um site de buscas. O Nordeste tem se destacado nessa área tecnológica, como mostra o ranking da Associação para Promoção do Software Brasileiro (Softex), que promove o selo Melhoria de Processo do Software Brasileiro (MPS). O modelo MPS é uma certificação de garantia de qualidade, que impulsiona a competitividade das empresas. Segundo a Softex, das 590 empresas certificadas pelo selo em todo o Brasil, 94 são do Nordeste, enquanto apenas 13 ficam na região Norte. Embora ainda esteja distante das outras regiões do país, o Nordeste vem apontado um crescimento expressivo nas áreas de softwares e também de hardwares.


O Porto Digital do Recife (PE), maior parque tecnológico do país, tem quase doze anos de atuação e comporta empresas nacionais e internacionais, que investem em melhorias dos processos de desenvolvimento de software. Além das pequenas e médias empresas criadas na cidade do Recife, o Porto Digital abriga várias multinacionais como a Microsoft, a Samsung e a IBM. Dentre as áreas de atuação do parque tecnológico, se destacam o desenvolvimento de sistema de gestão empresarial, mobilidade urbana, games, animação e aplicação para os dispositivos móveis.


O Parque Tecnológico da Bahia também é um dos destaques na área da tecnologia do Nordeste. Criado há apenas dois anos, já possui 40 empresas e instituições instaladas apenas no Tecnocentro, o que representa mais de 90% da estrutura do prédio central do Parque ocupado. Destas empresas, 85% são da área de TI. O Parque então se tornou um agente fortalecedor da economia da Bahia. “Em dois anos de funcionamento já foram gerados 450 empregos diretos no Tecnocentro, prédio central do Parque, havendo perspectiva de criação de mais 100 vagas de empregos até o final de 2015”, afirma Leandro Barreto, coordenador do Parque Tecnológico da Bahia e da Áity Incubadora de Empresas.

“O Parque Tecnológico atua como o centro irradiador da inovação no estado da Bahia. Nele estão os principais agentes dinamizadores do processo de desenvolvimento tecnológico, integrados em um ambiente concebido para estimular a cooperação e a geração de novas ideias e soluções criativas”, declara. Para Barreto, um dos motivos do destaque do Parque Tecnológico é o Programa de Atração para Empresas Inovadoras, destinado a alocação de recursos humanos qualificados e com experiência comprovada em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação para empresas e instituições do Parque. “É o único Parque Tecnológico que possui um programa próprio de apoio com bolsas de pesquisa para empresas instaladas no valor de até R$ 14 mil”, completa o coordenador do Parque.

Entre os projetos inovadores desenvolvidos por empresas instaladas no Parque Tecnológico da Bahia, Leandro Barreto destaca o Movpack, uma mochila que se transforma em um patinete motorizado em questão de segundos. O novo meio de transporte passou dois anos entre pesquisa e projetos até chegar ao protótipo, que foi lançado com sucesso nos Estados Unidos e na Europa. O equipamento tem o propósito de facilitar a vida do usuário, que levará a mochila-patinete nas costas até a hora de subir e sair pelas ruas. Ele pode atingir uma velocidade de 30km/h e deve chegar ao mercado custando cerca de R$2,5 mil.

Do laboratório para o mercado


Em Junho de 2013, o estudante de Engenharia do Software da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Sósteney Dantas começou um projeto a partir de pesquisas em jogos educativos iniciadas em um laboratório dentro da própria universidade. Assim surgiu a Gamelogica, que foca a aplicação desse aprendizado acadêmico na criação de jogos eletrônicos educativos para o mercado. Atualmente, ele e mais sete pessoas da equipe estão desenvolvendo o jogo Carta à Vista, cujo lançamento está planejado para o primeiro trimestre de 2015. “O foco inicial dele é realmente auxiliar o ensino de português para as crianças do primeiro ciclo do ensino básico, dando feedback a pais e professores do que está sendo aprendido. O Carta na verdade é composto pelo jogo, que tem como alvo as crianças e a plataforma de acompanhamento de evolução, onde todos os dados de desenvolvimento do conhecimento da criança podem ser acompanhados por pais e professores, onde esses últimos são nosso segundo público-alvo”, afirma.


Como a Gamelogica é uma startup criada por universitários, a equipe tem dificuldade em calcular o investimento inicial do projeto, visto que cada um dos oito membros levou seu próprio equipamento, mas eles analisam que o custo inicial seja cerca de R$7 mil. A equipe ainda economizou mais ao entrar em um programa de incubação, que cede a infraestrutura das salas, computadores, internet e servidores a preços módicos. O projeto se destacou tanto que recebeu um apoio financeiro do Conselho Nacional Científico e Tecnológico (CNPq). “Com a entrada do apoio do CNPq conseguimos expandir nossa equipe e adquirir equipamentos, isso foi fundamental para que pudéssemos dar continuidade ao desenvolvimento do Carta à Vista, além de, claro, nos dar mais segurança nesses primeiros anos de desenvolvimento e implantação do projeto, que creio eu, são os mais complicados para toda startup”, declara Sósteney.


Outro projeto tecnológico de sucesso que também funciona no Rio Grande do Norte é a Ex-Machina, uma startup que utiliza sistemas de inteligência artificial para automatizar processos. O objetivo é eliminar um longo ciclo de desenvolvimento que envolve operação de equipamentos, engenharia de controles e programação. Ou seja, futuramente o projeto pretende criar conhecimento artificial e máquinas capazes de realizar funções que hoje exclusiva dos humanos. “Nosso projeto é voltado para empresas. O maior impacto na vida das pessoas será sentido nas aplicações na saúde. Hoje, 60% dos doentes com infecção generalizada hospitalizados morrem no nosso país. Esse índice chega a ser menor que 20% em alguns países desenvolvidos. Equipes de UTI que mantêm bom nível de comunicação entre seus especialistas chegam a ter um índice 28% menor de mortalidade. O MIP é um assistente de pesquisa pessoal para cada paciente internado e faz o meio de campo entre os diversos especialistas que estão atendendo-o. Acreditamos que um dos futuros usos do MIP é como sistema embarcado em pulseiras e relógios inteligentes com sensores biomédicos. Uma espécie de Siri da saúde de seu corpo”, explica Eduardo Sande, professor da UFRN e coordenador do projeto.
 

 

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