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Revista NORDESTE: Nova edição investiga a era da pós-verdade

Vivemos tempos extraordinários. Extraordinários e preocupantes. A essa era do “pós” (pós-modernidade, pós-história), acaba de se juntar a chamada “pós-verdade”. Agora, ocorrido um fato no calor de um momento, vale mais o calor do que o fato. É dito que o ser humano lembra dos fatos a partir das sensações. Fatos ruins tendem a ser piorados e os bons, melhorados. O acontecimento em si, se perde nas memórias e ficam as impressões. Nesse clima de animosidades que vivemos, de políticas e ideologias em embate e onde quem grita mais alto, leva, vira mero detalhe a veracidade dos acontecimentos. Trump em sua campanha afirmou que o número de desempregados nos EUA chegava aos 42% e na do Brexit, foi divulgado que a Grã-Bretanha desembolsava US$ 470 milhões por semana que permanecia na União Européia. Tudo mentira. Mas e daí? Trump e o Brexit foram vitoriosos.

Estamos perdidos, saturados com tanta informação. E as redes sociais têm grande peso nisso. Nem lê-se mais as notícias; olha-se apenas o título, porque temos que correr para comentar, curtir, compartilhar o mais rápido que pudermos. O ser humano é engraçado. Lutamos pelo direito de falar, de ter voz. Agora que temos isso, reclamamos que tem vozes demais e que não conseguimos mais discernir o que é mentira do que é verdade. É como se antes houvesse uma grande barragem, que segurava tudo isso e foram aparecendo buracos, para então romper e afogar todo mundo. É cada um por si. De contrapartida, aparece o jornalismo de fact-checking, que se compromete a checar os dados e as falas dos políticos, da mídia, da publicidade e de outros veículos, já que hoje em dia não dá para confiar em ninguém.

Mas isso nos faz perguntar: e antes, como era? Era melhor? Quem controlava a informação para nós? Não éramos manipulados? Quer dizer que a pluralidade é ruim? Ou será que não é a hora de crescermos e aprendermos a nós mesmo a discernir o certo e o errado, a verdade e a mentira? Parece que perdemos ou nunca fomos bons na habilidade de debater, de nos comunicar, porque quando surge a chance, brigamos como crianças e queremos voltar para o conforto de antes.

Isso entra em ressonância com a fala do estudioso da educação comparada português, António Nóvoa. Ele acredita que é preciso coragem para transgredir, para ir em frente, em vez de ficar no conforto do que já conhecemos. Isso, sem deixar de ter empatia, de se colocar no lugar do outro. Para isso, a educação deve estar no centro de nossos esforços. Você pode conferir melhor o pensamento deste que é considerado referência no mundo da educação na nossa entrevista principal e em uma matéria que fizemos sobre uma palestra sua feita na Universidade Federal da Paraíba.

Você vai conferir também uma conversa com o líder do MTST, Guilherme Boulos, que veio ao Nordeste para juntar as militâncias e acredita que a esquerda deve retornar às suas origens, com lutas de base, junto ao povo, para derrubar o governo Temer. Poderá ficar informado também sobre as decisões e medidas mais polêmicas feitas pelo Judiciário e que dividem as opiniões dos magistrados, ler o balanço que fizemos sobre o primeiro ano do governo Temer, e saber dos detalhes da delação bomba que revelou Aécio pedindo R$ 2 milhões em dinheiro para os donos da JBS.

Esperamos que tenha uma boa leitura

Paulo Dantas
Chefe de Redação da Revista NORDESTE


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