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Seca: com 5,14%, reservatório de Sobradinho está à beira do colapso

A pior seca a assolar a Região Nordeste nos últimos 50 anos continua fazendo estragos. Nesta terça-feira (27) a Agência Nacional de Águas (ANA) deve anunciar a redução da vazão do lago de Sobradinho, um dos maiores lagos artificiais do mundo com 320 quilômetros de extensão, dos atuais 900 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 800m³/s. Neste final de semana, nível o reservatório – que responde por cerca de 58% da água utilizada para geração de energia na Região – estava em apenas 5,14% da capacidade total de armazenamento de 34,1 bilhão de metros cúbicos. Expectativa é que Sobradinho alcance o volume morto em meados de dezembro.

Com a queda no volume acumulado em Sobradinho, responsável por controlar a vazão da água para as regiões do médio e do baixo São Francisco, especialistas avaliam que o impacto na geração de energia já chegue a 30%. O fornecimento, porém, está sendo garantido por transferências de energia de outras regiões graças à interligação do sistema nacional de transmissão e o uso de usinas termelétricas.

Parte do problema, porém, também está ligado ao gerenciamento hídrico do Rio São Francisco. A usina de três Marias, localizada em Minas Gerais, onde ficam as nascentes do rio, possui capacidade para acumular 21 bilhões de m³ e acumula atualmente 18,8% deste total. A liberação de água, entretanto é de apenas 500 m³/s. Como Sobradinho, que fica bem abaixo libera uma vazão muito maior para atender as regiões do médio e do baixo São Francisco, além de gerar energia, a queda é muito mais significativa.

Existe o temor de que a Cemig, controladora da usina em Minas Gerais, resista e segure a água no reservatório mineiro, apesar de todos os órgãos ligados à questão hídrica já avaliarem que Três Marias deve liberar 100m³a mais que o volume atual,

Com o reservatório de Sobradinho registrando o seu nível mais baixo em 14 anos e uma disputa regional em curso, caberá à Ana decidir se a água liberada deverá priorizar o abastecimento humano e animal, a geração de energia ou a maior fonte econômica das regiões do médio e do baixo São Francisco: a fruticultura irrigada.

É nesta área do país onde são produzidas 68% das mangas e 90% das uvas de mesa irrigadas produzidas no Brasil. Em termos de exportação, a região do Vale do São Francisco responde por 90% de toda a uva e manga comercializada no mercado internacional pelo Brasil.

Diante da estiagem contínua e que não dá mostras de arrefecer, a Chesf já adiantou que caso Marias não libere os 100m³esperados, será incapaz de atender às necessidades dos projetos agrícolas, o que deverá resultar não apenas em prejuízos financeiros, mas políticos também; Caso os projetos de agricultura e fruticultura irrigada sejam prejudicados, o desemprego na Região Nordeste deverá subir vertiginosamente, um ônus político que o governo federal não deseja em um momento de crise econômica e politica como o atual.

Somente um dos projetos, o Senador Nilo Coelho, possui 12,5 mil hectares plantados por pequenos agricultores e outros 6 mil ocupados por empresas. Ali são gerados 18,1 mil empregos diretos e cerca de 100 mil indiretos. Caso a situação hídrica não melhore, o Nilo Coelho corre o risco de parar suas atividades por falta de água no início de dezembro, quando o reservatório de Sobradinho também deverá chegar ao seu volume morto.

Para tentar evitar o colapso, a ministra Kátia Abreu liberou, no início do mês de outubro, R$ 35 milhões para a implantação de um sistema de captação de água por meio de bombas flutuantes instaladas diretamente no leito do rio. O sistema, com capacidade para captar até 14 m³/s, porém, só deverá entrar em operação em janeiro de 2016 e as bombas devem permanecer em atividade até abril, quando as primeiras chuvas devem começar a cair nas cabeceiras do rio, em Minas Gerais.


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