CEARÁ

Sem medidas contra Covid-19 capitais brasileiras teriam mais mortes, aponta estudo da Uece

Adriana Rodrigues – Ascom Uece – Texto
Carlos Gibaja – Foto

 

Em Fortaleza, mais de 1.500 vidas foram preservadas, de acordo com a análise

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) publicou, no último dia 26 de junho, na Revista Latino-Americana de Enfermagem, o estudo “Estimação e predição dos casos de Covid-19 nas metrópoles brasileiras”. Foi o primeiro estudo “preditivo” no Brasil, com o objetivo de estimar a taxa de transmissão, o pico epidemiológico e óbitos pelo novo coronavírus no país.

O estudo confirmou a rápida disseminação do vírus e sua alta mortalidade, mostrando que, sem as medidas de prevenção e combate à Covid-19 tomadas por Prefeituras e Governos, os números de infectados e mortos seriam ainda maiores.

Para a análise, foram selecionadas as capitais até então com o maior número de casos da infecção – Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, do Sudeste; Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, do Sul; Manaus, da região Norte; Salvador e Fortaleza, do Nordeste; onde foi aplicado um modelo matemático e epidemiológico para os casos suscetíveis, infectados e recuperados.

Dessa forma, os pesquisadores estimaram o número de casos no 80º dia em cada uma dessas capitais por meio de equações diferenciais. Os resultados foram colocados em logaritmos e comparados com os números reais.

Na capital cearense, foram previstos no estudo mais de 400 mil casos da doença e 4.149 óbitos por Covid-19 até o 80º dia da curva de transmissão, se não tivessem sido aplicadas as medidas de prevenção e combate ao coronavírus. Com adoção de medidas, os números reais foram de 27.905 casos e cerca de 2.500 óbitos.

Predição dos resultados do novo coronavírus:

De acordo com a pesquisadora, enfermeira e coordenadora do Grupo de Trabalho para enfrentamento à pandemia do coronavírus na Uece, professora Lúcia Duarte, “Fortaleza estava colocada entre as principais cidades em número de casos logo nas primeiras semanas da pandemia no Brasil; e o estudo mostrou que a capital cearense tinha a maior taxa de transmissibilidade naquele período, portanto, as medidas de isolamento se faziam necessárias com mais rigor e mais precoces”.

A docente destacou ainda que, além de Fortaleza, Manaus foi outra metrópole com taxa transmissibilidade mais elevada, possivelmente com a contribuição do turismo. “Essas metrópoles têm também em comum um grande fluxo de turistas, pois são destinos internacionais; tanto Fortaleza como Manaus tiveram seus números relacionados à ocupação quase que total de leitos de UTI por Covid-19, naquele período”, ressalta Lúcia.

A também pesquisadora no estudo, enfermeira e membro do GT da Uece, professora Thereza Magalhães, fala sobre a importância do estudo. “A maioria dos estudos brasileiros já publicados sobre os casos de Covid-19 em nosso país até o momento são relatos de experiência, revisões narrativas, mas nenhum ‘estudo preditivo’”.


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