BRASIL

Sérgio Machado confirma conluio para barrar Lava Jato

Em mais uma confirmação de que políticos de vários partidos atuaram para tentar paralisar a Operação Lava Jato, e que parte do plano era afastar a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado revelou em outro trecho de sua delação premiada que ouviu claramente sobre o plano que "estancaria a sangria" da investigação, como afirmou em março o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Segundo Machado, Jucá chegou a lhe confidenciar "sobre tratativas com o PSDB nesse sentido facilitadas pelo receio de todos os políticos com as implicações da Operação Lava Jato". Presidido pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), partido faz parte hoje da base de apoio do governo interino. "Essas tratativas não se limitavam ao PSDB, pois quase todos os políticos estavam tratando disso", afirmou ainda o depoente.

Jucá teria sinalizado ainda, na versão de Machado, que "a solução política poderia ser ou no sentido de estancar a Operação Lava Jato, impedindo que ela avançasse sobre outros políticos, ou na forma de uma constituinte", a fim e enfraquecer o Ministério Público.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também teria mencionado ao delator estratégias para tentar barrar a operação. No áudio em que os dois falam do "pacto de Caxias", em março, Machado esclarece que estavam se referindo a alternativas legislativas que possibilitassem, concretamente, alguma "anistia ou clemência" aos políticos investigados.

Renan teria deixado claro, de acordo com o ex-senador, que ele seria a "esperança única" do PSDB para tomar as medidas que poderiam impedir os avanços da operação. "Quando Renan Calheiros diz (na conversa gravada) que 'eu sou a esperança única que eles têm de alguém para fazer alguma coisa', 'eles' refere-se especificamente ao PSDB, embora o temor dos políticos da Operação Lava Jato seja generalizado", diz Machado.

Entre as medidas para atrapalhar a investigação estariam proibir colaboração premiada de réu preso – como sugeriu Renan em um dos áudios –, proibir a execução provisória de sentença penal condenatória e modificar a legislação dos acordos de leniência.

Brasil 247


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