PERNAMBUCO

Transpetro corta navios e setor naval sofre novo golpe

O setor naval pernambucano, que perdeu 12,7 mil vagas de trabalho em apenas 14 meses, deverá sofrer mais um duro golpe nas próximas semanas. A Transpetro, subsidiária da Petrobras para a área de logística, cancelou a encomenda de dois navios gaseiros ao estaleiro Vard Promar, instalado no Complexo Industrial e Portuário de Sape. Estaleiro possuía contratos para produzir oito embarcações destinadas ao transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) no valor de US$ 536 milhões. Estatal alega que cancelou as encomendas em razão dos atrasos nos prazos de entrega, mas o plano de desinvestimentos da Petrobras, associado a crise econômica e aos desdobramentos das investigações da Operação Lava jato, pesaram na decisão.

"Recebemos a notícia com muita preocupação. Hoje (ontem) estivemos no Promar porque recebemos denúncias de trabalhadores de empresas terceirizadas do estaleiro devendo a primeira parcela do 13º salário e o mês de novembro. As empresas alegam que o Promar está atrasando o pagamento de faturas. Tememos que a situação represente mais desemprego na atividade. O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) já demitiu 2,7 mil funcionários e em toda a cadeia produtiva foram 10 mil", disse o o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-¬PE), Henrique Gomes, ao jornal do Commercio. O Vard Promar emprega 1,2 mil funcionários próprios e outros 400 de forma terceirizadas. O cancelamento dos contratos dos dois navios poderá reduzir este número em até 1/3.

Os dois primeiros navios produzidos pelo Vard Promar, o Oscar Niemeyer e o Paulo Freire, foram construídos no estaleiro carioca Eisa, que também pertence à empresa, pelo fato de que o estaleiro ainda estava sendo implantado em Pernambuco. O primeiro navio 100% pernambucano, o Barbosa Lima Sobrinho foi entregue à Transpetro no início de dezembro, apesar do lançamento ter ocorrido m setembro do ano passado. O normal é que a embarcação seja entregue em um prazo de até 3 meses em razão da realização das chamadas provas de mar, além de outros testes operacionais.

Segundo o sindicato, a Petrobras vinha atrasando o repasse dos pagamentos dos navios em função da crise pela qual passa a estatal. Os dois navios gaseiros estão avaliados em US$ 300 milhões. A diretoria do estaleiro teria então solicitado um reavaliação do equilíbrio financeiros contratual e pedido um adicional e oito meses no prazo de entrega. A Petrobras, então, cancelou as encomendas dois últimos navios – que ainda não começaram a serem construídos – alegando que "por descumprimento de cláusula contratual, a companhia deu início ao processo de rescisão de contrato dos dois últimos gaseiros da série de encomendas ao estaleiro Vard Promar".


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