BRASIL

Uruguaios encaram 6 mil quilômetros em ônibus

“Volveremos, volveremos, volveremos otra vez. Volveremos a ser campeones como la primera vez!”. Acompanhado de batuques, o canto interrompia subitamente o forró em um dos bares do animado calcação da praia de Iracema, em Fortaleza, onde a equipe acabou perdendo da Costa Rica na estreia. Mas não era aquele grupo de uruguaios quem mais chamava a atenção. Com barbas enormes e cabelos desgrenhados, outros três acompanhavam a gritaria pulando no teto de um trailer, com copos de cerveja e cigarros nas mãos. El Ramirez, para ser mais preciso. Veículo que encarou quase seis mil quilômetros de viagem de Montevidéu até a capital cearense. Tudo, em nome de um ideal que se mistura com a história da Celeste.

O projeto começou a tomar forma há dois anos, quando o engenheiro Juan Manuel Ponce de León – o Conde – teve a ideia de comprar um veículo escolar e adaptá-lo para as viagens de seu inquieto grupo de amigos. “Adoramos viajar e a ideia era transformar o carro numa casa ambulante”. E foi isso o que fizeram. El Ramirez nascia das mãos daqueles que conduziria ao Mundial tempos depois. “Quando o caminho do Uruguai na Copa começou a se desenhar, resolvemos encarar esta aventura. Só não imaginávamos que seria tão longe. Inicialmente, pensamos que viajaríamos até Porto Alegre ou outras cidades do Sul do Brasil”, lembra o Conde.

Em 25 de maio, o Conde e outros três amigos partiram de Montevidéu e 20 km depois, tiveram uma amostra do que seria a viagem. “Ali foi a bateria que morreu. Não sabíamos é que aquele seria o menor dos nossos problemas. Praticamente todos os dias precisamos encostar El Ramirez para algum reparo”, lembra. Freio, câmbio, transmissão… De gambiarra em gambiarra. De cidade em cidade. “Entre o Espírito Santo e a Bahia, o eixo Cardan simplesmente caiu. Ficamos parados numa curva por algumas horas, com caminhões tirando fino da gente a mais de 100 km/h.”

No litoral sul da Bahia, os passageiros do El Ramirez encontraram La Madama, uma caminhonete – também adaptada – que levava outros três de seus amigos e que tinha o cozinheiro Nicolas Mancheno, o Puma, como motorista. “Nossa viagem foi bem mais tranquila, mas nos divertimos muito só de ouvir o que eles enfrentaram”, lembra Mancheno. “Quando encontramos o Puma foi um alívio. Estávamos em Itacaré, comendo lagosta que ele cozinhou pra gente e falando sobre o significado dessa aventura”, acrescenta o Conde.


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